A REFORMA DE LUTERO?: ANÁLISE DA NARRATIVA SOBRE REFORMA PROTESTANTE NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA

LAYANE DE SOUZA SANTOS



O presente trabalho tem como temática a análise de narrativas em relação a reforma a protestante nos livros didáticos de história. A necessidade desta temática advém da crescente de alunos (e professores) que estão aderindo a religião protestante ou evangélica, como é conhecida popularmente no Brasil. É interessante nos ocuparmos deste tema dentro dos livros didáticos, dada a importância deste meio de repasse de informações no Brasil, as pesquisas relacionadas ao objeto que destacamos para análise se voltam para demonstrar o seu aspecto axiológico, formador cultural e social dos alunos, em especial quando falamos deste país, por isso, é dispensada sobre o mesmo toda essa carga de importância.

Selva Guimarães (2013), em seus estudos relacionados ao livro didático de história, aponta que, no Brasil o número de livros lidos é de 4,7 por habitante/ano; o número de livros indicados pela escola, incluindo os didáticos é de 3,4 por habitante /ano; logo, o número de livros lidos fora da escola é de 1,3 por habitante/ano. Com estes primeiros dados já podemos refletir quanto ao papel dos livros didáticos para formação dos leitores brasileiros. Ela continua, descrevendo que, os livros didáticos são o segundo gênero mais lido no Brasil, perdendo somente para a bíblia. A partir disso, se pensarmos na cultura de leitura no Brasil, o livro didático por vezes, é o único livro que muitos brasileiros entram em contato, por conta do fácil acesso e circulação; muito já se foi discutido e levantado sobre os conteúdos dispostos nos mesmos. Porém, sabe-se que, desde a institucionalização do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 1985, este suporte passou por diversos questionamentos quanto ao seu conteúdo, porém, não iremos nos ocupar destas questões. Sabe-se também que, os livros didáticos são uma fontes inesgotável e cada vez mais observamos trabalhos sobre temáticas infinitas em relação a eles, buscando caminhar juntamente com os que vem escrevendo e contribuir para os estudos sobre essa fonte, é que nos dispusemos a fazer tal trabalho.

A Reforma Protestante é um tema bastante discutido há tempos, não somente para o lado educacional ou de ensino, mas, também quando falamos sobre sociologia, um dos livros mais famosos desta ciência é o “A ética protestante e o espírito do capitalismo” de Max Weber (1964) onde o autor se debruça em uma teoria de como o protestantismo teria ajudado de forma diferencial no crescimento e efetivação do capitalismo nos países que aderiram a essa religiosidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia, isso pode ser observado quando nos voltamos para estas localidades ainda hoje:

“À primeira vista, as diferenças entre os países que aderiram à Reforma Protestante e os que não aderiram parecem encontrar respaldo em diversos indicadores estatísticos. Nações de origem protestantes (tais como EUA, Suécia, Suíça, Dinamarca e Reino Unido) tendem a apresentar indicadores sociais de educação, renda per capita e IDH superiores em média a países de predominância católica (Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Polônia). Os países católicos também verificaram historicamente um desenvolvimento industrial tardio em comparação aos protestantes, além de menor grau médio de escolarização (a taxa de alfabetização era de 32% na Itália em 1870, contra 76% no Reino Unido no mesmo período [...].”

Quando cruzamos a temática da reforma protestante com ensino de história educação entre outros, também temos vários autores escrevendo sobre como, Clenir Silva (2014), que escreve sobre a representação de Lutero nos livros didáticos e ainda, faz uma revisão bibliográfica sobre a vida do mesmo, tem como limite temporal três décadas (1980,1990 e 2000). Com isso observa como Lutero é levado para sala de aula e tem comenta sobre como este personagem é importante para as mudanças culturais, religiosas e como suas ações como a de traduzir a bíblia contribuíram com tudo isso. Outro autor é, Lúcio Antônio Felipe (2015) que em seu trabalho busca fazer uma analise nos capítulos dos livros didáticos, que se referem à Reforma Protestante, e o personagem histórico Martinho Lutero. Com vistas a perceber de que maneira esse tema é mostrado na atualidade, para os jovens estudantes, que têm a sua formação na escola, mediado pelos livros didáticos, distribuídos para as escolas, pelo governo como principal leitura, e da mesma maneira, perceber como esta sendo apresentado na academia.  Já, Edeílson Azevedo (2010), escreve sobre livros didáticos a respeito da ausência de renovação da historiográfica nos livros e como segunda problemática escreve sobre as generalizações feitas a partir de contextos locais e/ou regionais, pelas quais se tenta explicar acontecimentos de caráter nacional e/ou universal. Para isso, foram selecionadas algumas temáticas com o objetivo de demonstrar as lacunas que ainda persistem nesses materiais pedagógicos e uma dessas temáticas é a reforma protestante.

Indo ao encontro destes trabalhos, foram selecionados três livros didáticos de coleções distintas e mais um, de uma mesma coleção, porém aceito por PNLD’s de anos diferentes, o que permite fazer com que possamos analisar se houve alguma mudança na narrativa do conteúdo. A seguir, tabela demonstrativa.

Quadro 1 Livros selecionados
Livros
PNLD
AUTORES
SÉRIE/ ANO
História Tematica: Terra e propriedade
2008/ 2009/ 2010
Cabrini, Catelli e Montellato
7 º série
Piatã
2017/ 2018/ 2019
Vanise Ribeiro e Carla Anastasia
7º ano
História, Sociedade & Cidadania
2008/ 2009/ 2010
Alfredo Boulos
7º ano
 História, Sociedade & Cidadania
2017/ 2018/ 2019
Alfredo Boulos
7º ano
(Fonte: Autor 2019)

Todos estes livros foram ou estão sendo utilizados em escolas de Belém e Ananindeua. Como escopo, estas obras foram analisadas em busca das narrativas sobre a temática de reforma protestante e buscamos pormenorizar os personagens citados e as localidades, assim como suas ações para a efetivação de novas religiões. Como aporte, iremos utilizar Roger Chartier (1991), para comentarmos sobre as representações que são mostradas nos textos sobre o tema dentro dos livros didáticos e ainda o conceito de narrativa histórica de Helenice Rocha (2013), que tem uma pesquisa sobre tal questão levantada a partir dos livros didáticos de História.

PROTESTANTISMO, PENTECOSTALIMO, NEO E A SALA DE AULA

Em 2017 tivemos a comemoração dos 500 anos de reforma de protestante e podemos obervar diversas comemorações ao longo mundo em especial em países como Alemanha e Brasil. Alemanha por ser o berço de Lutero e um dos locais onde mais se propagou os seus ideais e ainda aqui nas terras brasileiras que pode conhecer o protestantismo também por uma forte influência alemã.


(G1 Notícias  Acesso em: 20.06.2019


(Portal Terra Acesso em: 20.06.2019

Sabe-se que a reforma deu inicio a um mar de questionamentos sobre a igreja Católica Apostólica Romana que era quem detinha a predominância de poder no momento em que tais pensamentos foram expostos. E tudo isso tem revérberos até hoje, pois, de protestantes vem os pentecostais que muitas pessoas chamam somente de protestantes; e ainda, se tem os neopentecostais, que segue uma mesma linha de raciocínio, seriam como filhos da reforma. Tais religiões estão em crescente de forma alastradora no país o que seria mais um motivo para averiguarmos as narrativas que se tem dito sobre o ponta pé inicial disto. Se pensarmos na  realidade atual dos professores e de alunos para cada sala de aula se tem pelo menos 5 alunos protestantes (incluindo aqui pentecostais e neo), porém, dependendo da localidade de onde está escola se encontra, o número tende a ser bem maior. O último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), indica esse crescimento de brasileiros que vem aderindo a religião protestante.

O número de evangélicos aumenta 61% em 10 anos, aponta IBGE.
O número de evangélicos no Brasil aumentou 61,45% em 10 anos, segundo dados do Censo Demográfico divulgado nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, cerca de 26,2 milhões se disseram evangélicos, ou 15,4% da população. Em 2010, eles passaram a ser 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros. Em 1991, o percentual de evangélicos era de 9% e, em 1980, de 6,6%.”

Esses dados são relativos ao país inteiro, quando fazemos o reorte por regiões brasileiras, os números em relação a região Norte indicam o maior aumento de protestantes nessa região.

O Nordeste ainda mantém o maior percentual de católicos, com 72,2% em 2010. Apesar de ser a região do país com maior concentração do grupo religioso, a população nordestina católica sofreu queda. Em 2000, o percentual era de 79,9%. No Sul, o IBGE também identificou redução do percentual de católicos, saindo de 77,4% para 70,1% nos censos de 2000 e de 2010, respectivamente.

A maior redução foi registrada pelo instituto no Norte, passando de 71,3% da população em 2000 para 60,6% em 2010.
(G1 Notícias Acesso em: 20.06.2019

Ao observarmos tais dados, vemos como em nossa região facilmente podemos vir a encontrar alguém da religião que está sendo abordada e consequentemente alguém que já tenha tido contato com livro didático. Dada as primeiras informações sobre a importância do livro didático em nosso país e também um pouco da teoria de weber, temos um quadro propicio ao que temos como objetivo. Quando pesquisamos sobre a temática da Reforma, facilmente encontramos a ligação dela com Lutero, porém não existiu somente o Lutero neste momento para contestar o que estava acontecendo com a igreja católica nesse momento, existem outros nomes de peso e que valem a pena ser abordados como: Wycliffe  e John Huss que são os primeiro reformadores e já estavam escrevendo sobre os pensamentos que Lutero aponta antes dele e ainda o teriam influenciado. Outro nome também que pode ser citado neste momento porém, voltado mais para o campo é Thomas Muntzer, que surgiu após a expansão do protestantismo.

ANÁLISE DOS LIVROS

Para Roger Chartier (1991), as representações, as narrativas tem um determinado sentido e buscam atender o grupo que está se expressando, por isso, certas informações podem ficar de fora pois, as nossas visões são muito delimitadas para os nossos interesses. Ao analisar os livros esses aspectos levantados por Chartier ficaram evidentes, de certa forma pois, dependendo de qual temática o livro busca abranger, como as temáticas são desenvolvidas de forma geral dentro do livro o discurso sobre o assunto de reforma protestante mudava incluindo os personagens.

Outra autora que decidimos utilizar para ampliar a visão sobre essa análise foi Helenice Rocha (2013), buscando caminhar com o seu conceito de narrativa histórica para os livros didáticos, Helenice elenca desde as exigências do PNLD e análise perpassa sobre como a partir dessas exigências as temáticas podem variar, os focos podem variar etc, e isto, podemos comentar que percebemos em especial na coleção onde tínhamos dois livros, porém, de PNLD´s diferentes, ao fazer uma checagem geral, antes do recorte que foi estipulado (que é o capítulo sobre reforma protestante nos livros) podemos obervar com os textos mudam, as imagens mudam e agregação de novos temas são colocados, justamente por conta destas exigências que foram aparecendo ao longo do tempo, como por exemplo a 10.639/03 que exige que sejam estudados dentro da sala de aula, assuntos relacionados a matriz africana e cultura afro brasileira.

Os livros selecionados mostram-se bem diversos no que tange ao assunto de reforma, inclusive com abordagem bastante diferenciada, aqui acredito que o livro que mais se destaca é o História Temática de 2008, pois, tem uma linguagem mais leve, pois utiliza poesia e música na introdução para tratar do assunto e apesar de já se ter mais de 10 e os dados do IBGE apontarem coisas diferentes, o livro trabalha muito o cotidiano do aluno, delimita o que estava acontecendo com o que chamamos de Brasil nesse momento e isto é de extrema importância para que o aluno consiga enxergar melhor, como ele pode ser um agente ativo neste contexto ou que tudo isso não está distante dele e que ele pode perceber isso ainda hoje ao seu redor.

Busquei então analisar quais autores são citados nas obras, para pensar sobre essa diferença de linguagem. A seguir tabela demonstrativa.

Tabela 2. Autores citados nas obras
Livros
Autores citados
História Tematica: Terra e propriedade 2008
Treza Queiroz; Adhemar Maarques e Ricardo Faria.
Piatã  2017
Guido Zagheni; Alexander Vianna.
História, Sociedade & Cidadania  2008
Edith Simon; Fenando Sefener; Armando Anetnore.
 História, Sociedade & Cidadania 2017
Fernando Sefener (3x); Alexander Vianna; Klug João e Pierre Cornielle.
Fonte: Autores (2019)

Como foi possível observar, os livros não seguem um fluxo de mesmos autores, mesmo que tenham o mesmo ano ou até mesmo o caso da mesma coleção

Outra questão que se pode observar é como o conteúdo está disposto no livro, quantas páginas temáticas entre outros. Veja o quadro a seguir.

Tabela 3. Análise do capítulo
Livros
Nº Folhas
Tópicos
Contexto histórico
História Tematica: Terra e propriedade 2008
15 pgs
Capitalismo: Religião e Política (introdução do capítulo como sobre as religiões de forma plural e atual).
Tem tópicos bem abrangentes e diretos, o exto é curto, pois, o livro cnta com diversas ilustrações sobe o tema.
Um ponto interessante a ser comentado e o tópico sobre os camponeses e como o livro se posiciona diante do não apoiamento de Lutero as revoltas camponesas, seria por que ele já estava fechado com a burguesia naquele momento e as revoltas questionavam  diversas coisas do interesse deles.
Outro ponto seriam as atividades bastante diversificadas.

O livro neste capítulo, não faz o contexto histórico entre a Idade moderna e o Renascimento, que significaria as mudanças de visão de mundo ser humano, ajudando a se permitir tais questionamentos.
Piatã  2017
15 pgs
A reforma protestante e a reação católica (tópico introdutório do livro. Conta com tópicos curto, apesar do primeiro ter um texto bem extenso, explicando de uma forma geral sobre a reforma e as pessoas que já tinham se rebelado e pensado tais questões, como Huss. Não contém muitas imagens e nem atividades, porém, é um livro, digamos “antenado”, pois, traz em sua discussão questões atuais e tem a proposição para um debate em sala sobre religiosidade.
O livro faz de forma bem sucinta o contexto em que surge a reforma e não busca trabalhar uma história global no momento, ficando somente nas localidades mais citadas sobre reforma.
História, Sociedade & Cidadania  2008
14 pgs
Tem tópicos bastante curtos, porém tem um mix de informações sobre a temática. Um ponto que pode vir a ser negativo é que não mostra como foi a expansão do protestantismo para o campo, não cita Muntzer etc.
Além de, colocar de uma forma diferenciada do livro 1 o por quê do nome de protestante, nem se quer cita a documento que tratou disto. Trabalha com bastante mapas e imagens, e não contém quase nenhuma atividade, além de não fazer ligação com o Brasil.
Comenta sobre renascimento, faz um contexto sobre a história da igreja e o por quê de tantas insatisfações, porém, não faz um apanhado sobre a mudança e visão de Estado etc
 História, Sociedade & Cidadania 2017
19 pgs
Reforma e contrarreforma, é o tópico inicial do livro, logo aqui já podemos perceber diferenças entre as duas unidades. Enquanto a outra começava com um quadro a respeito de uma massacre de huguenotes na França, está inicia com uma foto e um mapa do Brasil, comentando sobre os imigrantes alemãs protestantes que vieram para o Brasil e como e onde se espalharam e fincaram por aqui. Os capítulos apesar de ainda continuarem curtos, estão com atualização não somente linguística, mas, com mais detalhes sobre o assunto, além de se ter muitas imagens e um visual bem mais atrativo. O ponto mais interessante seria o tópico que comenta sobre a inquisição no Brasil, porém, é o único contexto em que o Brasil é colocado e ainda, o livro persisti na questão de ausência dos camponeses e do personagem Muntzer.
O Ponto mais diferenciado da antiga unidade é o número de atividades, que desta vez é bastante recheado e  diversificado.
O livro cita o Renascimento e as mudanças culturais neste momento, porém, não comenta não comenta sobre a formação do Estado Moderno.
Fonte: Autores 2019

Ao fim deste quadro, podemos perceber semelhanças, porém, muitas divergências, inclusive históricas, como quando foi pontuado sobre a documento Protestati, ou ainda divergências como com a questão camponesa, pois, em um livro, é colocado de forma enfática que Lutero teria escolhido os privilégios oferecidos pela burguesia, do que ficar ao lado dos camponeses.

Outro forma de análise foi sobre o quantitativo de aparição dos personagens principais desta temática, ao menos os mais citados. A seguir, gráfico demonstrativo.

Tabela de número 4


Neste gráfico podemos perceber a figura de Lutero como a que mais aparece quando se trata da temática, de forma bem expressiva. O que confirma o que foi dito no início do trabalho sobre esse destaque de Lutero e o que vai ao encontro do título do trabalho que busca refletir estes outros personagens, abrangendo mais a temática e ajudando os alunos também a entenderem melhor a diversidade de religiões mesmo dentro do protestantismo, saindo daquela categoria generalizada e buscando pensar e mostrar além.

CONLUSÃO

Ao fim do trabalho podemos comentar sobre muitas questões relacionadas a temática e aos livros. As análises revelarem muitas coisas, além inclusive do esperado. Foi percebido que a figura de Lutero continua sendo a de destaque, o que nos fez lembrar por exemplo o livro de Lucien Febvre sobre Lutero e o por quê dele o ter escolhido e como o mesmo foi observado como uma figura que ajudou a mudar paradigmas e todo um contexto religioso.

Quanto a questões sobre o Renascimento e o Estado Moderno, pouco foi citado nos capítulos, apesar de ser de conhecimento que um teria gerado o outro, pois, sem um quem sabe se o outro poderia vir a existir. Porém, o Renascimento foi bem demarcado quanto a sua questão de  mudança cultural, de todo um pensamento já fixado as pessoas da época, como citados por Peter Burke, que reuni em seu escrito sobre o renascimento algumas afirmações sobre este momento e como ele tinha mudado o movimento natural das coisas, como: “Na Idade Média, segundo Burckhardt a consciência humana... repousava ou semiacordava sob um véu comum. O homem estava consciente de si próprio apenas como membro de uma raça, povo, partido, família, ou corporação – apenas através de uma qualquer categoria geral.” No entanto, na Itália do Renascimento , este véu evaporou- se... o homem tornou-se um individuo espiritual e reconheceu-se a si mesmo como tal.” , neste inicio é comentado sobre como o renascimento trouxe a modernidade, como a regeneração da arte aconteceu na Itália etc, porém Peter Burke questiona sobre tais afirmações e se tal mudança teria sido tão estrondosa ou singular, se teria sido somente nesta localidade um fenômeno como este.

Outro ponto interessante de ser colocado, pensando também no contexto daquele momento e a teria weberiana citada, somente um livro faz a conexão destas religiosidades com a questão do capitalismo, é o livro que mais critica duramente a igreja e comenta sobre os camponeses e que expõem a questão da ligação de Lutero com a burguesia etc, que é o livro história temática.

Quando pensamos de forma geral, sobre os livros selecionados, temos dois livros de pnld de 2008 a 2010 e dois do PPNLD de 2017 a 2019, além de ter dois de uma coleção. E apesar desta semelhança, observa-se as diferenças que foram pontuadas e fica em aberto para muitas outras serem encontradas, pois, os livros didáticos são uma fonte inesgotável e cabe a nós estudiosos, historiadores, pesquisadores, irmos atrás destas perguntas sobre este objeto.

Glossário

John Wycliffe (1328-1384) foi um teólogo, professor e reformador religioso do século XIV. Foi considerado o precursor de Lutero e Calvino. Propôs uma reforma religiosa, na Inglaterra, que só iria se concretizar dois séculos depois.

John Huss (Husinec, Boémia do Sul, 1369 - Constança, 6 de Julho de 1415) foi um pensador e reformador religioso. Ele iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Os seu seguidores ficaram conhecidos como os Hussitas. A igreja católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410. Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo.



Neopentecostalismo ou Terceira Onda do Pentecostalismo é uma vertente do evangelicalismo, conglomerando igrejas do movimento de Renovação Cristã. Essa vertente toma como base ideias do Pentecostalismo e Carismatismo americanos.

Pentecostalismo é como se chama a doutrina de grupos religiosos cristãos, originários do seio do protestantismo, que se baseia na crença do poder do Espírito Santo na vida do crente após o Batismo do Espírito Santo, através dos dons do Espírito Santo, começando com o dom de línguas (glossolalia).

Protestati documento elaborado pelos príncipes apoiadores de Lutero, que invocava a liberdade religiosa e teria sido do mesmo que  o nome se originou.

Thomas Müntzer foi um teólogo revolucionário alemão que se destacou no tempo da Reforma Protestante. Nascido em Stolberg, no Anhalt, estudou nas universidades de Leipzig e Frankfurt-am-Oder bacharelando-se em Humanidades e Teologia Bíblica. Ordenado em Braunschweig (1514), de 1516 a 1518 vive no mosteiro de Frohse onde toma contato com as 95 teses de Lutero quando se decide a ir visitá-lo em Wittenberg.

REFERENCIAS

Layane de Souza Santos – Graduanda na Universidade do Pará – Bolsista CAPES Programa Residência Pedagógica.

AZEVEDO, Edeílson. Livro didático de história no contexto do pnld: avanços e permanências. Ensino Em-Revista, Uberlândia, v.17, n.2, p. 617-634, jul./dez.2010.

BURKE, Peter. O Renascimento. Lisboa: Texto e Grafia. 2008
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. 1991. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141991000100010> Acessado em 21.06.2019.
E biografia
Acesso em 21.06.2019

FELIPE, Lúcio Antônio. A reforma de Martinho Lutero e da igreja, Apresentado nos livros didáticos.
Acesso em: 20.06.2019

GUIMARÃES, Selva. Didática e prática de ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados. 8ª. ed. Campinas: Papirus, 2009.

Info escola
Acesso em: 20.06.2019
Portal São Francisco
Acesso em: 20.06.2019

Protestantismo
Acesso em 21.06.2019

ROCHA, Helenice. A narrativa histórica nos livros didáticos, entre a unidade e a dispersão.  Revista Territórios & Fronteiras, Cuiabá, vol. 6, n. 3, dez, 2013.

SILVA, Clenir.  Martinho Lutero e sua representação nos livros didáticos.
Acesso em: 20.06.2019

WEBER, Max (1967). A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira.

3 comentários:

  1. Olá Layane

    A ideia de Protestantismo é protestar contra alguém, ou contra um sistema. O que vemos hoje é uma associação do Protestantismo com as ideias anunciadas sobretudo pelo Estado, não há protesto. Também há uma ligação capitalista entre a pregação do evangelho e a salvação da almas. Pergunto: Mesmo diante desses e de outros problemas da Igreja protestante, quais os motivos que você atribui para o crescimento desse movimento no Brasil?

    Rodrigo dos Reis

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  2. Olá Rodrigo, Obrigada pela pergunta.

    Então, é muito complexa a resposta dessa pergunta, pois, diversos fatores podem ser apresentados. Um dos que eu mais percebo, é a expansão de forma mais facilitada dessas igrejas. Em diversos cantos podes perceber que existem e são múltiplas. Dentro da igreja católica é mais complicado você abrir novos polos e ter um acompanhamento de perto de um padre etc, o que pode ser um ponto também. Ter cultos sempre, um pastor por perto, as pessoas se sentem mais motivadas. Estamos em um mundo cada vez mais doente, muitas pessoas se encontram com doenças psicológicas por exemplo e as pessoas buscam resoluções fáceis e rápidas para tais questões e acabam indo ao encontro dos chamados de cura etc. São pontos que podem ajudar a pensar sobre esse crescimento. Mas lembrando que as pessoas estão se sentindo mais livre para assumir suas religiões, então temos um crescimento de uma diversidade religiosa atualmente.

    Espero ter ajudado.

    Cordialmente, Layane Santos

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