LAYANE DE SOUZA SANTOS
O presente trabalho tem como temática a
análise de narrativas em relação a reforma a protestante nos livros didáticos
de história. A necessidade desta temática advém da crescente de alunos (e
professores) que estão aderindo a religião protestante ou evangélica, como é
conhecida popularmente no Brasil. É interessante nos ocuparmos deste tema
dentro dos livros didáticos, dada a importância deste meio de repasse de
informações no Brasil, as pesquisas relacionadas ao objeto que destacamos para
análise se voltam para demonstrar o seu aspecto axiológico, formador cultural e
social dos alunos, em especial quando falamos deste país, por isso, é
dispensada sobre o mesmo toda essa carga de importância.
Selva Guimarães (2013), em seus estudos
relacionados ao livro didático de história, aponta que, no Brasil o número de
livros lidos é de 4,7 por habitante/ano; o número de livros indicados pela
escola, incluindo os didáticos é de 3,4 por habitante /ano; logo, o número de
livros lidos fora da escola é de 1,3 por habitante/ano. Com estes primeiros
dados já podemos refletir quanto ao papel dos livros didáticos para formação
dos leitores brasileiros. Ela continua, descrevendo que, os livros didáticos
são o segundo gênero mais lido no Brasil, perdendo somente para a bíblia. A
partir disso, se pensarmos na cultura de leitura no Brasil, o livro didático
por vezes, é o único livro que muitos brasileiros entram em contato, por conta
do fácil acesso e circulação; muito já se foi discutido e levantado sobre os
conteúdos dispostos nos mesmos. Porém, sabe-se que, desde a institucionalização
do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 1985, este suporte passou por
diversos questionamentos quanto ao seu conteúdo, porém, não iremos nos ocupar
destas questões. Sabe-se também que, os livros didáticos são uma fontes
inesgotável e cada vez mais observamos trabalhos sobre temáticas infinitas em
relação a eles, buscando caminhar juntamente com os que vem escrevendo e
contribuir para os estudos sobre essa fonte, é que nos dispusemos a fazer tal
trabalho.
A Reforma Protestante é um tema
bastante discutido há tempos, não somente para o lado educacional ou de ensino,
mas, também quando falamos sobre sociologia, um dos livros mais famosos desta
ciência é o “A ética protestante e o espírito do capitalismo” de Max Weber
(1964) onde o autor se debruça em uma teoria de como o protestantismo teria
ajudado de forma diferencial no crescimento e efetivação do capitalismo nos países
que aderiram a essa religiosidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia,
isso pode ser observado quando nos voltamos para estas localidades ainda hoje:
“À primeira vista, as diferenças entre os países que aderiram
à Reforma Protestante e os que não aderiram parecem encontrar respaldo em
diversos indicadores estatísticos. Nações de origem protestantes (tais como
EUA, Suécia, Suíça, Dinamarca e Reino Unido) tendem a apresentar indicadores
sociais de educação, renda per capita e IDH superiores em média a países de
predominância católica (Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Polônia). Os
países católicos também verificaram historicamente um desenvolvimento
industrial tardio em comparação aos protestantes, além de menor grau médio de
escolarização (a taxa de alfabetização era de 32% na Itália em 1870, contra 76%
no Reino Unido no mesmo período [...].”
(IBRE – FGV Acesso em: 20.06.2019 Disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/os-500-anos-da-reforma-protestante-weber-tinha-razao#_ftn1 ).
Quando cruzamos a temática da reforma protestante com ensino
de história educação entre outros, também temos vários autores escrevendo sobre
como, Clenir Silva (2014), que escreve sobre a representação de Lutero nos livros didáticos e
ainda, faz uma revisão bibliográfica sobre a vida do mesmo, tem como limite temporal três décadas (1980,1990 e
2000). Com isso observa como Lutero é levado para sala de aula e tem comenta
sobre como este personagem é importante para as mudanças culturais, religiosas
e como suas ações como a de traduzir a bíblia contribuíram com tudo isso. Outro
autor é, Lúcio Antônio Felipe (2015) que em seu trabalho busca fazer uma
analise nos capítulos dos livros didáticos, que se referem à Reforma
Protestante, e o personagem histórico Martinho Lutero. Com vistas a perceber de
que maneira esse tema é mostrado na atualidade, para os jovens
estudantes, que têm a sua formação na escola, mediado pelos livros didáticos,
distribuídos para as escolas, pelo governo como principal leitura, e da mesma
maneira, perceber como esta sendo apresentado na academia. Já, Edeílson Azevedo (2010), escreve sobre
livros didáticos a respeito da ausência de renovação da historiográfica nos
livros e como segunda problemática escreve sobre as generalizações feitas a
partir de contextos locais e/ou regionais, pelas quais se tenta explicar
acontecimentos de caráter nacional e/ou universal. Para isso, foram
selecionadas algumas temáticas com o objetivo de demonstrar as lacunas que
ainda persistem nesses materiais pedagógicos e uma dessas temáticas é a reforma
protestante.
Indo ao encontro destes trabalhos, foram selecionados três
livros didáticos de coleções distintas e mais um, de uma mesma coleção, porém
aceito por PNLD’s de anos diferentes, o que permite fazer com que possamos
analisar se houve alguma mudança na narrativa do conteúdo. A seguir, tabela
demonstrativa.
Quadro 1 Livros selecionados
Livros
|
PNLD
|
AUTORES
|
SÉRIE/
ANO
|
História
Tematica: Terra e propriedade
|
2008/
2009/ 2010
|
Cabrini,
Catelli e Montellato
|
7
º série
|
Piatã
|
2017/
2018/ 2019
|
Vanise
Ribeiro e Carla Anastasia
|
7º
ano
|
História,
Sociedade & Cidadania
|
2008/
2009/ 2010
|
Alfredo
Boulos
|
7º
ano
|
História, Sociedade & Cidadania
|
2017/
2018/ 2019
|
Alfredo
Boulos
|
7º
ano
|
(Fonte:
Autor 2019)
Todos estes livros foram ou estão sendo utilizados em
escolas de Belém e Ananindeua. Como escopo, estas obras foram analisadas em
busca das narrativas sobre a temática de reforma protestante e buscamos
pormenorizar os personagens citados e as localidades, assim como suas ações
para a efetivação de novas religiões. Como aporte, iremos utilizar Roger
Chartier (1991), para comentarmos sobre as representações que são mostradas nos
textos sobre o tema dentro dos livros didáticos e ainda o conceito de narrativa
histórica de Helenice Rocha (2013), que tem uma pesquisa sobre tal questão
levantada a partir dos livros didáticos de História.
PROTESTANTISMO,
PENTECOSTALIMO, NEO E A SALA DE AULA
Em 2017 tivemos a comemoração dos 500 anos de reforma de
protestante e podemos obervar diversas comemorações ao longo mundo em especial
em países como Alemanha e Brasil. Alemanha por ser o berço de Lutero e um dos
locais onde mais se propagou os seus ideais e ainda aqui nas terras brasileiras
que pode conhecer o protestantismo também por uma forte influência alemã.
(G1 Notícias Acesso em: 20.06.2019
Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/10/alemanha-lembra-os-500-anos-da-reforma-protestante.html )
(Portal Terra
Acesso em: 20.06.2019
Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/dino/rio-celebra-os-500-anos-da-reforma-protestante,77c151ed7ed53b6c6aa283afd23d5db0ljlhn36g.html)
Sabe-se que a reforma deu inicio a um mar de questionamentos
sobre a igreja Católica Apostólica Romana que era quem detinha a predominância
de poder no momento em que tais pensamentos foram expostos. E tudo isso tem
revérberos até hoje, pois, de protestantes vem os pentecostais que muitas
pessoas chamam somente de protestantes; e ainda, se tem os neopentecostais, que
segue uma mesma linha de raciocínio, seriam como filhos da reforma. Tais
religiões estão em crescente de forma alastradora no país o que seria mais um
motivo para averiguarmos as narrativas que se tem dito sobre o ponta pé inicial
disto. Se pensarmos na realidade atual
dos professores e de alunos para cada sala de aula se tem pelo menos 5 alunos
protestantes (incluindo aqui pentecostais e neo), porém, dependendo da
localidade de onde está escola se encontra, o número tende a ser bem maior. O
último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), indica
esse crescimento de brasileiros que vem aderindo a religião protestante.
“O número de evangélicos aumenta 61% em 10 anos, aponta IBGE.
O número de evangélicos no Brasil
aumentou 61,45% em 10 anos, segundo dados do Censo Demográfico divulgado nesta
sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2000, cerca de 26,2 milhões se disseram evangélicos, ou 15,4% da população.
Em 2010, eles passaram a ser 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros. Em 1991, o
percentual de evangélicos era de 9% e, em 1980, de 6,6%.”
(G1 Notícias Acesso em: 20.06.2019. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/06/numero-de-evangelicos-aumenta-61-em-10-anos-aponta-ibge.html ).
Esses dados são relativos ao país
inteiro, quando fazemos o reorte por regiões brasileiras, os números em relação
a região Norte indicam o maior aumento de protestantes nessa região.
O Nordeste ainda mantém o maior
percentual de católicos, com 72,2% em 2010. Apesar de ser a região do país com
maior concentração do grupo religioso, a população nordestina católica sofreu
queda. Em 2000, o percentual era de 79,9%. No Sul, o IBGE também identificou
redução do percentual de católicos, saindo de 77,4% para 70,1% nos censos de
2000 e de 2010, respectivamente.
A maior redução foi registrada pelo instituto no Norte,
passando de 71,3% da população em 2000 para 60,6% em 2010.
(G1 Notícias Acesso em: 20.06.2019
Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/06/numero-de-evangelicos-aumenta-61-em-10-anos-aponta-ibge.html ).
Ao observarmos tais dados, vemos como
em nossa região facilmente podemos vir a encontrar alguém da religião que está
sendo abordada e consequentemente alguém que já tenha tido contato com livro
didático. Dada as primeiras informações sobre a importância do livro didático
em nosso país e também um pouco da teoria de weber, temos um quadro propicio ao
que temos como objetivo. Quando pesquisamos sobre a temática da Reforma,
facilmente encontramos a ligação dela com Lutero, porém não existiu somente o
Lutero neste momento para contestar o que estava acontecendo com a igreja
católica nesse momento, existem outros nomes de peso e que valem a pena ser
abordados como: Wycliffe e John Huss que
são os primeiro reformadores e já estavam escrevendo sobre os pensamentos que
Lutero aponta antes dele e ainda o teriam influenciado. Outro nome também que
pode ser citado neste momento porém, voltado mais para o campo é Thomas Muntzer,
que surgiu após a expansão do protestantismo.
ANÁLISE DOS LIVROS
Para Roger Chartier (1991), as
representações, as narrativas tem um determinado sentido e buscam atender o
grupo que está se expressando, por isso, certas informações podem ficar de fora
pois, as nossas visões são muito delimitadas para os nossos interesses. Ao
analisar os livros esses aspectos levantados por Chartier ficaram evidentes, de
certa forma pois, dependendo de qual temática o livro busca abranger, como as
temáticas são desenvolvidas de forma geral dentro do livro o discurso sobre o assunto
de reforma protestante mudava incluindo os personagens.
Outra autora que decidimos utilizar
para ampliar a visão sobre essa análise foi Helenice Rocha (2013), buscando
caminhar com o seu conceito de narrativa histórica para os livros didáticos,
Helenice elenca desde as exigências do PNLD e análise perpassa sobre como a
partir dessas exigências as temáticas podem variar, os focos podem variar etc,
e isto, podemos comentar que percebemos em especial na coleção onde tínhamos
dois livros, porém, de PNLD´s diferentes, ao fazer uma checagem geral, antes do
recorte que foi estipulado (que é o capítulo sobre reforma protestante nos
livros) podemos obervar com os textos mudam, as imagens mudam e agregação de
novos temas são colocados, justamente por conta destas exigências que foram
aparecendo ao longo do tempo, como por exemplo a 10.639/03 que exige que sejam
estudados dentro da sala de aula, assuntos relacionados a matriz africana e
cultura afro brasileira.
Os livros selecionados mostram-se bem
diversos no que tange ao assunto de reforma, inclusive com abordagem bastante
diferenciada, aqui acredito que o livro que mais se destaca é o História
Temática de 2008, pois, tem uma linguagem mais leve, pois utiliza poesia e
música na introdução para tratar do assunto e apesar de já se ter mais de 10 e
os dados do IBGE apontarem coisas diferentes, o livro trabalha muito o
cotidiano do aluno, delimita o que estava acontecendo com o que chamamos de
Brasil nesse momento e isto é de extrema importância para que o aluno consiga
enxergar melhor, como ele pode ser um agente ativo neste contexto ou que tudo
isso não está distante dele e que ele pode perceber isso ainda hoje ao seu
redor.
Busquei então analisar quais autores
são citados nas obras, para pensar sobre essa diferença de linguagem. A seguir
tabela demonstrativa.
Tabela 2. Autores citados nas obras
Livros
|
Autores
citados
|
História
Tematica: Terra e propriedade 2008
|
Treza
Queiroz; Adhemar Maarques e Ricardo Faria.
|
Piatã 2017
|
Guido
Zagheni; Alexander Vianna.
|
História,
Sociedade & Cidadania 2008
|
Edith
Simon; Fenando Sefener; Armando Anetnore.
|
História, Sociedade & Cidadania 2017
|
Fernando
Sefener (3x); Alexander Vianna; Klug João e Pierre Cornielle.
|
Fonte:
Autores (2019)
Como foi possível observar, os livros
não seguem um fluxo de mesmos autores, mesmo que tenham o mesmo ano ou até
mesmo o caso da mesma coleção
Outra questão que se pode observar é
como o conteúdo está disposto no livro, quantas páginas temáticas entre outros.
Veja o quadro a seguir.
Tabela 3. Análise do capítulo
Livros
|
Nº
Folhas
|
Tópicos
|
Contexto
histórico
|
História
Tematica: Terra e propriedade 2008
|
15
pgs
|
Capitalismo:
Religião e Política (introdução do capítulo como sobre as religiões de forma
plural e atual).
Tem
tópicos bem abrangentes e diretos, o exto é curto, pois, o livro cnta com
diversas ilustrações sobe o tema.
Um
ponto interessante a ser comentado e o tópico sobre os camponeses e como o
livro se posiciona diante do não apoiamento de Lutero as revoltas camponesas,
seria por que ele já estava fechado com a burguesia naquele momento e as
revoltas questionavam diversas coisas
do interesse deles.
Outro
ponto seriam as atividades bastante diversificadas.
|
O
livro neste capítulo, não faz o contexto histórico entre a Idade moderna e o
Renascimento, que significaria as mudanças de visão de mundo ser humano,
ajudando a se permitir tais questionamentos.
|
Piatã 2017
|
15
pgs
|
A
reforma protestante e a reação católica (tópico introdutório do livro. Conta
com tópicos curto, apesar do primeiro ter um texto bem extenso, explicando de
uma forma geral sobre a reforma e as pessoas que já tinham se rebelado e
pensado tais questões, como Huss. Não contém muitas imagens e nem atividades,
porém, é um livro, digamos “antenado”, pois, traz em sua discussão questões
atuais e tem a proposição para um debate em sala sobre religiosidade.
|
O
livro faz de forma bem sucinta o contexto em que surge a reforma e não busca
trabalhar uma história global no momento, ficando somente nas localidades
mais citadas sobre reforma.
|
História,
Sociedade & Cidadania 2008
|
14
pgs
|
Tem
tópicos bastante curtos, porém tem um mix de informações sobre a temática. Um
ponto que pode vir a ser negativo é que não mostra como foi a expansão do
protestantismo para o campo, não cita Muntzer etc.
Além
de, colocar de uma forma diferenciada do livro 1 o por quê do nome de
protestante, nem se quer cita a documento que tratou disto. Trabalha com
bastante mapas e imagens, e não contém quase nenhuma atividade, além de não
fazer ligação com o Brasil.
|
Comenta
sobre renascimento, faz um contexto sobre a história da igreja e o por quê de
tantas insatisfações, porém, não faz um apanhado sobre a mudança e visão de
Estado etc
|
História, Sociedade & Cidadania 2017
|
19
pgs
|
Reforma
e contrarreforma, é o tópico inicial do livro, logo aqui já podemos perceber
diferenças entre as duas unidades. Enquanto a outra começava com um quadro a
respeito de uma massacre de huguenotes na França, está inicia com uma foto e
um mapa do Brasil, comentando sobre os imigrantes alemãs protestantes que
vieram para o Brasil e como e onde se espalharam e fincaram por aqui. Os
capítulos apesar de ainda continuarem curtos, estão com atualização não
somente linguística, mas, com mais detalhes sobre o assunto, além de se ter
muitas imagens e um visual bem mais atrativo. O ponto mais interessante seria
o tópico que comenta sobre a inquisição no Brasil, porém, é o único contexto
em que o Brasil é colocado e ainda, o livro persisti na questão de ausência
dos camponeses e do personagem Muntzer.
O
Ponto mais diferenciado da antiga unidade é o número de atividades, que desta
vez é bastante recheado e
diversificado.
|
O
livro cita o Renascimento e as mudanças culturais neste momento, porém, não
comenta não comenta sobre a formação do Estado Moderno.
|
Fonte:
Autores 2019
Ao fim deste quadro, podemos perceber
semelhanças, porém, muitas divergências, inclusive históricas, como quando foi
pontuado sobre a documento Protestati, ou
ainda divergências como com a questão camponesa, pois, em um livro, é colocado
de forma enfática que Lutero teria escolhido os privilégios oferecidos pela
burguesia, do que ficar ao lado dos camponeses.
Outro forma de análise foi sobre o
quantitativo de aparição dos personagens principais desta temática, ao menos os
mais citados. A seguir, gráfico demonstrativo.
Tabela de número 4
Neste gráfico podemos perceber a figura
de Lutero como a que mais aparece quando se trata da temática, de forma bem
expressiva. O que confirma o que foi dito no início do trabalho sobre esse
destaque de Lutero e o que vai ao encontro do título do trabalho que busca
refletir estes outros personagens, abrangendo mais a temática e ajudando os
alunos também a entenderem melhor a diversidade de religiões mesmo dentro do
protestantismo, saindo daquela categoria generalizada e buscando pensar e
mostrar além.
CONLUSÃO
Ao fim do trabalho podemos comentar
sobre muitas questões relacionadas a temática e aos livros. As análises
revelarem muitas coisas, além inclusive do esperado. Foi percebido que a figura
de Lutero continua sendo a de destaque, o que nos fez lembrar por exemplo o
livro de Lucien Febvre sobre Lutero e o por quê dele o ter escolhido e como o
mesmo foi observado como uma figura que ajudou a mudar paradigmas e todo um
contexto religioso.
Quanto a questões sobre o Renascimento e o Estado Moderno,
pouco foi citado nos capítulos, apesar de ser de conhecimento que um teria
gerado o outro, pois, sem um quem sabe se o outro poderia vir a existir. Porém,
o Renascimento foi bem demarcado quanto a sua questão de mudança cultural, de todo um pensamento já
fixado as pessoas da época, como citados por Peter Burke, que reuni em seu escrito sobre o
renascimento algumas afirmações sobre este momento e como ele tinha mudado o
movimento natural das coisas, como: “Na Idade Média, segundo Burckhardt a
consciência humana... repousava ou semiacordava sob um véu comum. O homem
estava consciente de si próprio apenas como membro de uma raça, povo, partido,
família, ou corporação – apenas através de uma qualquer categoria geral.” No
entanto, na Itália do Renascimento , este véu evaporou- se... o homem tornou-se
um individuo espiritual e reconheceu-se a si mesmo como tal.” , neste inicio é
comentado sobre como o renascimento trouxe a modernidade, como a regeneração da
arte aconteceu na Itália etc, porém Peter Burke questiona sobre tais afirmações
e se tal mudança teria sido tão estrondosa ou singular, se teria sido somente
nesta localidade um fenômeno como este.
Outro ponto interessante de
ser colocado, pensando também no contexto daquele momento e a teria weberiana
citada, somente um livro faz a conexão destas religiosidades com a questão do
capitalismo, é o livro que mais critica duramente a igreja e comenta sobre os
camponeses e que expõem a questão da ligação de Lutero com a burguesia etc, que
é o livro história temática.
Quando pensamos de forma
geral, sobre os livros selecionados, temos dois livros de pnld de 2008 a 2010 e
dois do PPNLD de 2017 a 2019, além de ter dois de uma coleção. E apesar desta
semelhança, observa-se as diferenças que foram pontuadas e fica em aberto para
muitas outras serem encontradas, pois, os livros didáticos são uma fonte
inesgotável e cabe a nós estudiosos, historiadores, pesquisadores, irmos atrás
destas perguntas sobre este objeto.
Glossário
John Wycliffe (1328-1384) foi um teólogo, professor e reformador
religioso do século XIV. Foi considerado o precursor de Lutero e Calvino.
Propôs uma reforma religiosa, na Inglaterra, que só iria se concretizar dois
séculos depois.
John
Huss (Husinec, Boémia do Sul, 1369 - Constança, 6 de Julho de 1415) foi um
pensador e reformador religioso. Ele iniciou um movimento religioso baseado nas
ideias de John Wycliffe. Os seu seguidores ficaram conhecidos como os Hussitas.
A igreja católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410.
Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo.
Neopentecostalismo ou
Terceira Onda do Pentecostalismo é uma vertente do evangelicalismo,
conglomerando igrejas do movimento de Renovação Cristã. Essa vertente toma como
base ideias do Pentecostalismo e Carismatismo americanos.
Pentecostalismo é como se chama a doutrina de
grupos religiosos cristãos, originários do seio do protestantismo, que se
baseia na crença do poder do Espírito Santo na vida do crente após o Batismo do
Espírito Santo, através dos dons do Espírito Santo, começando com o dom de
línguas (glossolalia).
Protestati documento elaborado pelos
príncipes apoiadores de Lutero, que invocava a liberdade religiosa e teria sido
do mesmo que o nome se originou.
Thomas Müntzer foi um teólogo revolucionário alemão que se destacou no
tempo da Reforma Protestante. Nascido em Stolberg, no Anhalt, estudou nas
universidades de Leipzig e Frankfurt-am-Oder bacharelando-se em Humanidades e
Teologia Bíblica. Ordenado em Braunschweig (1514), de 1516 a 1518 vive no
mosteiro de Frohse onde toma contato com as 95 teses de Lutero quando se decide
a ir visitá-lo em Wittenberg.
REFERENCIAS
Layane
de Souza Santos – Graduanda na Universidade do Pará – Bolsista CAPES Programa
Residência Pedagógica.
AZEVEDO,
Edeílson. Livro didático de história no
contexto do pnld: avanços e permanências. Ensino Em-Revista, Uberlândia,
v.17, n.2, p. 617-634, jul./dez.2010.
BURKE,
Peter. O Renascimento. Lisboa: Texto e Grafia. 2008
CHARTIER,
Roger. O mundo como representação.
1991. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141991000100010> Acessado em 21.06.2019.
E biografia
Acesso em 21.06.2019
FELIPE, Lúcio Antônio. A reforma de Martinho Lutero e da igreja, Apresentado nos
livros didáticos.
Acesso
em: 20.06.2019
Disponível
em: http://www.mpu-historico.furg.br/seminario-de-ensino-2015?download=2074:lucio_felipe&start=140
GUIMARÃES,
Selva. Didática e prática de ensino de
História: experiências, reflexões e aprendizados. 8ª. ed. Campinas:
Papirus, 2009.
Info
escola
Acesso em:
20.06.2019
Portal São Francisco
Acesso em: 20.06.2019
Protestantismo
Acesso em 21.06.2019
ROCHA, Helenice. A
narrativa histórica nos livros didáticos, entre a unidade e a dispersão. Revista Territórios &
Fronteiras, Cuiabá, vol. 6, n. 3, dez, 2013.
SILVA, Clenir. Martinho
Lutero e sua representação nos livros didáticos.
Acesso em:
20.06.2019
WEBER,
Max (1967). A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo:
Pioneira.
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ResponderExcluirOlá Layane
ResponderExcluirA ideia de Protestantismo é protestar contra alguém, ou contra um sistema. O que vemos hoje é uma associação do Protestantismo com as ideias anunciadas sobretudo pelo Estado, não há protesto. Também há uma ligação capitalista entre a pregação do evangelho e a salvação da almas. Pergunto: Mesmo diante desses e de outros problemas da Igreja protestante, quais os motivos que você atribui para o crescimento desse movimento no Brasil?
Rodrigo dos Reis
Olá Rodrigo, Obrigada pela pergunta.
ResponderExcluirEntão, é muito complexa a resposta dessa pergunta, pois, diversos fatores podem ser apresentados. Um dos que eu mais percebo, é a expansão de forma mais facilitada dessas igrejas. Em diversos cantos podes perceber que existem e são múltiplas. Dentro da igreja católica é mais complicado você abrir novos polos e ter um acompanhamento de perto de um padre etc, o que pode ser um ponto também. Ter cultos sempre, um pastor por perto, as pessoas se sentem mais motivadas. Estamos em um mundo cada vez mais doente, muitas pessoas se encontram com doenças psicológicas por exemplo e as pessoas buscam resoluções fáceis e rápidas para tais questões e acabam indo ao encontro dos chamados de cura etc. São pontos que podem ajudar a pensar sobre esse crescimento. Mas lembrando que as pessoas estão se sentindo mais livre para assumir suas religiões, então temos um crescimento de uma diversidade religiosa atualmente.
Espero ter ajudado.
Cordialmente, Layane Santos