O ENSINO DE HISTÓRIA E AS POSSIBILIDADES DE COMBATE À CORRUPÇÃO: DO DEBATE À AÇÃO CIDADÃ ALÉM DA ESCOLA


Marcos de Araújo Oliveira

Introdução


A história enquanto disciplina dentro da rede básica apresenta contribuições muito importantes, principalmente por ser condutora de debates e reflexões acerca do papel do homem e das transformações dentro da sociedade ao longo do tempo. Muito além da ciência que “estuda o passado para entender o presente”, a história é capaz de despertar, para muitas crianças e jovens: curiosidade, criticidade e muitas vezes até a motivação para a construção de uma jornada que molde o mundo ao seu redor.

Durante a experiência de estágio docente vivenciada na Cooperativa Educacional de Jaguarari – COOPEJ no município de Jaguarari-Ba, pude debater com a turma do 9° ano os efeitos corrosivos que a corrupção causa no Brasil e assim, pudemos compreender que ela não é um fenômeno do presente, mas um processo em constante expansão no Brasil que pode começar pelo indivíduo mais comum até ser praticada pelos sujeitos cujos cargos políticos são os mais altos da República.

Usar as aulas de história para propiciar esse tipo de diálogo e incentivar os alunos a refletirem sobre suas responsabilidades sociais só reitera o compromisso da história enquanto disciplina humanista, pois através desses debates propõe-se aos alunos o despertar enquanto sujeitos históricos e principais agentes transformadores da História, pois a mesma é feita de mudanças e permanências e cabe a esses sujeitos históricos a erradicação da corrupção no Brasil.

O Ensino de História e o seu potencial transformador

Ao analisarmos a importância do ensino da História, vemos que esta disciplina nas escolas deve voltar-se para a formação de cidadãos, através das práticas de criação e ampliação de experiências, na gestação de conhecimentos que promovam novos significados a esta prática de ensino-aprendizagem e criem assim uma proximidade com a realidade dos estudantes inseridos no espaço escolar.

Entretanto, a história como componente curricular e disciplina dentro das escolas, sofreu diversas transformações ao longo do tempo, fruto muitas vezes dos próprios anseios sociais, pois enquanto ciência cujo enfoque é a produção do conhecimento histórico, a História busca elucidar discursos e narrativas atingindo assim as necessidades de seu próprio tempo. Como afirma Fonseca (2006, p. 21):

 “Na verdade, o próprio ensino da História enquanto campo do conhecimento mudou com o tempo, conforme suas relações com o debate cientifico e as ciências humanas em particular. A rigor, somente a partir do século XVIII é que a História começou a adquirir contornos mais precisos, como saber objetivamente elaborado e teoricamente fundamentado”.

A história transforma-se assim num campo de conhecimento cujo potencial é transformador, pois é capaz de produzir saberes que auxiliam o homem no seu processo de reflexão acerca da trajetória da humanidade, e neste cenário de reflexão é que surgem várias correntes historiográficas e possibilidades de campo de estudos. Compreende-se também que o conhecimento histórico ensinado dentro das escolas, em muitos casos foi usado como ferramenta para despertar paixões nacionalistas. Ainda de acordo com Fonseca (2006, p. 24-25).

“A afirmação das identidades nacionais e a legitimação dos poderes políticos fizeram com que a História ocupasse posição central no conjunto de disciplinas escolares, pois cabia-lhe apresentar às crianças e aos jovens o passado glorioso da nação e os feitos dos grandes vultos da pátria. [...] Assim ao longo do século XX, a questão do método dizia respeito não apenas a investigação histórica propriamente dita – a objetividade, a técnica, a crítica documental- mas também ao ensino de História nas escolas primárias e secundárias que deveria obedecer a procedimentos específicos como a adequação da linguagem, a definição de prioridades em termos de conteúdo a utilização de imagens úteis à compreensão da história da nação”.

Nota-se, portanto que a História enquanto disciplina tem um poder muito impactante, o que se reflete na própria formação do indivíduo enquanto ser social e agente histórico. Por isso a sua adoção em currículos se faz tão necessária, e o trabalho do professor de História também.

Pois os estudantes no seu ambiente escolar, dependem do apoio do professor, que muitas vezes enfrenta vários desafios para fazer a transposição didática desses conhecimentos históricos aos seus alunos, porém deve ser muito valorizado pois possui papel essencial para o sucesso da construção destes conhecimentos no seu alunado.




O intuito de uma maior abordagem deste assunto, como explorar o seu significado, como ocorre e suas consequências, além de contribuir para a culminância do estágio de docência, foi também relevante ao fazer com que os alunos refletissem como a corrupção, enquanto falha de conduta fere a dignidade do nosso país, e como nós enquanto cidadãos devemos combater a corrupção na nossa sociedade.

“Uma definição científica aceita internacionalmente afirma que corrupção é o comportamento que se desvia dos deveres de uma função pública devido a interesses privados (pessoais, familiares, de grupo fechado), de natureza pecuniária ou para melhorar o status, ou que viola regras contra o exercício de certos tipos de comportamento ligados a interesses privados6. Podemos, então, afirmar, de uma forma mais didática, que corrupção é um ato de gestão ou omissão com o objetivo de auferir vantagem, pecuniária ou não, para si ou outrem, contrariando uma norma ou princípio da administração pública”. (MEDEIROS, ROCHA, 2016, p. 6)

Durante a concepção da intervenção, foram pesquisados vários casos famosos de corrupção e buscamos embasamento teórico: no fascículo “Corrupção no Brasil e no mundo” tendo como autores os professores Roberto Vieira Medeiros e Leonino Gomes Rocha, sendo o fascículo parte integrante do curso “Transparência na Gestão Pública – Controle Cidadão” oferecido pela Universidade Aberta do Nordeste (Uane) e fundação Demócrito Rocha; além de utilizarmos um artigo do Juiz Sérgio Moro intitulado “Caminhos para reduzir a corrupção”, publicado no site “O Globo”.

Diante disto, passamos a explorar ainda mais a problemática da corrupção nas aulas de História, ouvindo a opinião dos alunos, dialogando sobre as imperfeições no sistema político brasileiro, mas também trazendo para nós, cidadãos construtores da nossa sociedade e dessa forma sujeitos históricos, um pouco da parcela de culpa sobre esses atos corruptos que não são exclusivos apenas dos nossos políticos, mas também comuns em ações no nosso cotidiano, como em um ato de furar fila, ocupar a vaga de deficiente, jogar lixo na rua, etc.

“A corrupção, em maior ou menor grau, representa uma ameaça não somente ao meio ambiente, aos direitos humanos, às instituições democráticas e aos direitos e liberdades fundamentais, mas também aumenta a pobreza das populações e solapa o desenvolvimento. Quando muito disseminada, a corrupção diminui o fluxo dos investimentos, facilita as atividades do crime organizado e mina a legitimidade política, podendo impedir a consolidação das reformas pró-democráticas”. (MOREIRA, ROCHA, 2016, p. 10)

A conversa que tivemos em sala foi de fato muito proveitosa e juntos analisamos e problematizamos estas posturas que permitem que a corrupção aconteça, muitas vezes camufladas como “o jeitinho brasileiro”. Sabe-se que no Brasil a corrupção gera prejuízos gravíssimos e ao vivenciar tantos escândalos constantemente, nossa sociedade fica cada vez mais desmotivada com a política e com o futuro da Nação.

Ao citar os principais problemas sociais a serem enfrentados pelo Brasil atualmente, até o próprio livro didático dos alunos escrito por Boulos Junior (2015) aponta a corrupção como um desses problemas. De acordo com Boulos Junior (2015, p. 325):

“Segundo a ONG Transparência Internacional, num total de 175 países avaliados quanto ao Índice de Percepção da corrupção, em 2015 o Brasil continuou copando a 69° posição , a mesma que tinha quatro anos antes. Ou seja, neste quesito o Brasil estacionou. A novidade é que as autoridades brasileiras estão tomando medidas para enfrentar a corrupção nos casos do mensalão e da corrupção na Petrobrás, por exemplo, ocorrem julgamentos e punição”.

Diante de todo o diálogo e reflexão, elaboramos a ação cidadã de conscientização denominada “#TodosContraACoruupção” e  propus aos alunos que eles produzissem vídeos ou outras formas de apresentação (Já que alguns sugeriram slides) divididos em 4 grupos (2 quartetos e 2 trios) abordando o tema da corrupção no Brasil, seus impactos e por quê devemos combatê-la.  O mais interessante foi que em nossas discussões conseguimos visualizar que a corrupção não é um problema recente e que assola não só o Brasil, mas toda a humanidade ao longo de toda a sua história.


Após concluídos os trabalhos pelos grupos, levei a turma a proposta de apresentarmos as produções em outro colégio, o CEWB - Colégio Estadual Walter Brandão, para as turmas de ensino médio do mesmo, e eles concordaram (animados e bem empolgados). No dia 13/11/2018 aconteceu então a concretização da nossa intervenção.

Logo, o projeto “#TodosContraACorrupção” não era apenas mérito meu, mas de toda a sala do 9° ano, que através dos nossos diálogos abraçaram a causa do combate a corrupção e de espalhar essa ideia para além da sala de aula, com uma postura cidadã e consciente.

“A ideia básica da democracia em um estado de direito é a de que todos são iguais e livres perante a lei e que, como consequência, as regras legais serão aplicadas a todos, governantes e governados, independentemente de renda ou estrato social. Se as regras não valem para todos, se há aqueles acima das regras ou aqueles que podem trapacear para obter vantagens no domínio econômico ou político, mina-se a crença de que vivemos em um governo de leis e não de homens. O desprezo disseminado à lei é ainda um convite à desobediência, pois, se parte não segue as regras e obtém vantagens, não há motivação para os demais segui-las. Pior de tudo, a corrupção sistêmica impacta o sentimento de autoestima de um povo. Um povo inteiro que paga propina é um povo sem dignidade. Pode-se perquirir quando o problema começou, mas a questão mais relevante é indagar como sair desse quadro”. (MORO,2015)

No CEWB tivemos uma sala de palestras reservada para a intervenção, onde o 9° ano pôde apresentar seus trabalhos para dois segundos anos, um primeiro ano e um terceiro ano – todas séries do ensino médio. O público do colégio foi bem receptivo, e a cada final de apresentação sempre havia um momento para socializarmos o que debatemos.

Durante as apresentações, os alunos foram bastante exitosos na mensagem que queriam passar: a de que nós, enquanto cidadãos brasileiros, não devemos deixar que a marca da corrupção corrompa toda a nossa nação. Entre os meios utilizados para a realização desse trabalho, muitos optaram pela utilização de slides, produziram seus próprios vídeos (uns aproveitando-se da comédia e outros de forma mais séria) e claro, expuseram ideias e discursos sobre o tema.

“O fato é que a corrupção sistêmica não vai ceder facilmente. Deve ser encarada da forma apropriada, não como um fato da natureza, mas como um mal a ser combatido por todos. Os tempos atuais oferecem uma oportunidade de mudança, o que exige a adoção, pela iniciativa privada e pela sociedade civil organizada, de uma posição de repúdio à propina, e, pelo Poder Público, de iniciativas concretas e reais, algum ativismo é bem-vindo, para a reforma e o fortalecimento de nossas instituições contra a corrupção”. (MORO, 2015)

O sucesso do Projeto “#TodosContraACorrupção” possibilitou que os alunos do 9° ano do COOPEJ saíssem de sua sala e dos debates nas aulas de História e partissem para uma ação cidadã na comunidade, não restringindo assim o conhecimento ao ambiente escolar, mas expandindo-o. Tratar a corrupção como um problema histórico, com consequências das mais graves de nossa sociedade, permite ampliarmos esse debate para todas as idades e pensar assim na construção de uma sociedade onde se possa combater esse mal de forma ativa e com a colaboração de todos,

Refletindo as “Mudanças e Permanências” na História para a formação cidadã

De acordo com Rejane Márcia Ferreira de Oliveira (2008) a não problematização da trama histórica ainda é muito enraizada nos níveis fundamentais e de ensino médio, o que perpetua uma história de verdades absolutas, racional e linear. Esses fatores só empobrecem a exploração do ensino de história, que mais do que nunca, precisa passar por uma reformulação que venha a atingir uma “História-viva”, que possa vir a valorizar o passado e sua reflexão.

Para a formação desses cidadãos é preciso se ter a ampliação de debates e reflexões com os alunos, possibilitando que os mesmos também produzam conhecimento e tenham a consciência de que são agentes históricos e as suas próprias trajetórias também possuem valor. Como defende Oliveira (2008, p. 46)

Assim, considera-se que o ensino de História deve criar condições para que o aluno possa compreender criticamente e agir no e sobre o mundo no qual se insere, desenvolvendo competências cognitivas e habilidades instrumentais próprias do campo histórico, fazendo-se sujeito da construção de seu conhecimento.

Entre as práticas metodológicas para a construção desse conhecimento pode-se apontar a problematização da trama histórica, debates, a produção da escrita e até mesmo a exploração de fontes. É necessário se levar em consideração também que o conhecimento ocorre a partir das próprias experiências desses alunos com o mundo. “É a partir de sua existência portanto, que os homens constroem sua visão e compreensão do mundo” (KNAUSS, 2001, p. 27).

Nota-se, portanto, que o professor de história tem um papel importantíssimo para esse processo de construção de conhecimento. De acordo com Fonseca (2003, p. 71)

[...] o professor de história com sua maneira própria de ser, pensar, agir e ensinar, transforma seu conjunto de complexos saberes em conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre esses ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção permanente.

Diante de toda a experiência vivenciada no estágio, foi possível visualizar o quanto a dedicação do professor e o empenho em ensinar e relacionar os conteúdos as vivências dos estudantes, são importantes para que os alunos possam aprender e até sentir interesse pela disciplina, empolgando-se e gostando dos assuntos abordados. Nota-se também que é importante criar laços com os nossos alunos, pois a afetividade permite com que o interesse pela matéria seja maior.

“Ser professor de história é ser um educador. Isso está implícito e explícito nas narrativas. Em sua maioria, os professores se vêem e se sentem educadores. Mas qual o sentido de ser educador? Por conceberem a história e seu ensino de forma distinta, cada um ressalta uma dimensão do processo educativo e do papel da história na formação do homem”. (FONSECA, 2003, p. 85)

O fato de termos vivenciado debates sobre as desigualdades sociais, o agravamento da miséria e a perda da ética por causa dos malefícios da corrupção serviu para mostrar que a sala de aula é um espaço onde a história deve ser debatida de modo a analisarmos as principais mudanças e permanências ao longo do tempo e de como alguns problemas podem ser históricos, sendo assim precisamos formar alunos autônomos que possam refletir sobre as transformações sociais ao seu redor e qual papel eles devem assumir diante de sua realidade.

Considerações Finais

De acordo com Knauss (2001) a única tarefa válida da história é motivar o homem a se questionar. “E se essa tarefa tem como condição interrogar as linguagens e discursos, devemos estar convencidos de que o único caminho possível é o da leitura, entendida como leitura de mundo” (KNAUSS, 2001, p. 44).
A possibilidade de permitir com que as aulas de História servissem como palco para o diálogo de ideias e o debate acerca da corrupção representou um saldo positivo  diante da proposta de se atingir a formação de cidadãos por meio do ensino-aprendizagem desta disciplina, já que uma das potencialidades da história não é só ser o campo de estudos dos “grandes heróis”, mas permitir que todos se enxerguem enquanto sujeitos da história e sejam incluídos historicamente.

O projeto desenvolvido “#TodosContraACorrupção” foi uma experiência marcante e enriquecedora, servindo para a ampliação da problematização histórica além da sala de aula, já que os alunos foram instigados a levar uma mensagem para a comunidade. Tudo isso, evidencia assim que o papel do professor é fundamental para a condução desta disciplina e que quanto mais os estudantes sentirem-se agentes históricos, as esferas sociais poderão ser transformadas.

Referências Bibliográficas

Marcos de Araújo Oliveira é graduando em Licenciatura em História na Universidade de Pernambuco – UPE (Campus Petrolina). É integrante do Spatio Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística da UPE/Petrolina.
E-mail:drmarcosaroeira@hotmail.com
Referências das fontes usadas no projeto de intervenção:
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: Sociedade e Cidadania – Edição reformulada 9° ano. 3 ed. São Paulo: FTD, 2015.
MEDEIROS, Roberto Vieira; ROCHA, Leonino Gomes. A corrupção no Brasil e no mundo. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha/UANE, 2016. 16 p.
MORO, Sérgio. Caminhos para reduzir a corrupção. Out 2015. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/brasil/artigo-caminhos-para-reduzir-corrupcao-por-sergio moro-17684788>. Acesso em: 04 Dez. 2018

Bibliografia:

FONSECA, Thaís Nívia L. A história do ensino de História: objeto, fontes e historiografia. In: História e ensino de História. 2006, p. 15-28.
FONSECA, Selva Guimarães. Como nos tornamos professores de História: a formação inicial e continuada. In: Didática e prática de ensino de História. 2003, p. 59-88.
FONSECA, Selva Guimarães. Interdisciplinaridade, transversalidade e ensino de História. In: Didática e prática de ensino de História. 2003, p. 59-88.
KNAUSS, Paulo. Sobre a norma e o óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa. In: NIKITIUK, Sonia. Repensando o ensino de História, 2001, p. 26-46.
OLIVEIRA, R. M. F. História e ensino de História. In: Diálogos e perspectivas. In: RODRIGUES, A. R. ; Barbosa, Elvis (Org.) . Diálogos e perspectivas do profissional de história. 1. ed. Ilhéus: Editus, 2008. v. 1. p. 39-56.

12 comentários:

  1. Entendo que esse projeto deve uma estrutura: construção do conceito de corrupção, análise de casos até o projeto chegar ao seu final, com a mobilização dos alunos em campanha, digamos. Minha pergunta é, as crianças foram levadas a questionar swus próprios hábitos e enxergam nossa cultura corrupta ou atinente trabalharam sobre os agentes políticos da política oficial?

    Christiane Azzi de Souza.

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    1. Oi Christianne.
      Como especofiquei no texto,Diante do conteuco ministrado "O Brasil na Nova Ordem Mundial" em que estudamos desde o governo Sarney até o Governo Dilma, falamos muito sobre a corrupção, e passamos ainda mais a problemátizar a banalidade da corrupção, nas aulas de História. Sempre ouvindo a opinião dos alunos, dialogamos sobre as imperfeições no sistema político brasileiro, mas também trouxemos para nós, cidadãos construtores da nossa sociedade - e dessa forma sujeitos históricos, um pouco da parcela de culpa sobre esses atos corruptos. Abordamos esse aspecto de que a corrupção que não r algo exclusivo apenas dos nossos políticos, mas também comuns em ações no nosso cotidiano, como em um ato de furar fila, ocupar a vaga de deficiente, jogar lixo na rua, etc.
      Os alunos ja tinham uma noção de que a corrupcco acontece em qualquer ramificação da nossa sociedade, mas com os debates em sala, nos aprofundamos ainda mais neste sentido.
      A corrupcco pode acontecer em qualquer local, cidade, país, continente.
      No ato de aceitar o troco a mais na padaria da esquina ou ate venda de votos nas eleicoel e nos grandes desvios de dinheiro pelo governo.

      Marcos de Araújo Oliveira

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  2. Pensando na construção da disciplina histórica enquanto uma ação política, já que toda ação humana é também política, qual foi a postura adotada na concepção desse projeto formulação das fontes para discussão? Pensando, principalmente, na escolha de fontes do debate como a do texto do ex-juiz Sérgio Moro.
    Abs,
    Carlos Eduardo Nicolette

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    1. Ola Carlos, obrigado pela pergunta!
      A escolha dos textos para análise se deu principalmente pelo caráter objetivo de ambos os textos. No 9° ano, Trabalhei com adolescentes (14-15anos) e geralmente,com esse publico, necessitamos utilizar materiais que possam ser didáticos, mas também bem fundamentados. Isso se aplica ao fascículo de Medeiros e Rocha (2016) e ao artigo do nosso atual Ministro da Justiça, Sergio Moro. Vale destacar que quando o projeto aconteceu (Novembro de 2018), muitos dos casos midiáticos que envolvem atualmente a figura do mesmo ainda não tinham ebulido!

      Marcos de Araújo Oliveira

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  3. Considerando que um dos nossos papéis enquanto historiadores e historiadoras é questionarmos narrativas e discursos tentando entendê-los no seu próprio contexto político de produção, gostaria de saber também o que justificou a escolha das fontes incluindo o texto do Sergio Moro como ilustrativo de combate a corrupção.
    Jeane Carla Oliveira de Melo

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    1. Olá Jeane, obrigado pela pergunta!
      A escolha de ambos os textos, se deu pela objetividade de ambos.
      A fundamentação que Sérgio Moro traça ao explicar os "Caminhos para a redução da Corrupção" são bastante proveitosas para se explorar nesta temática de combate a corrupção.
      Lembrando que o projeto desenvolvido com o 9° ano ocorreu em novembro de 2018, antes das grande polêmicas envolvendo o nome de Sérgio Moro.( Principalmente agora em 2019, onde o fato do mesmo ocupar o cargo de Ministro da Justiça o torna ainda mais suscetível a julgamentos da opinião pública)
      Admito que a escolha do texto não foi uma escolha neutra, já que realmente gostei do texto, entretanto, sem maiores influências ou paixões políticas.

      Marcos de Araújo Oliveira

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  4. Boa tarde, Marcos.
    Primeiramente, parabéns pela experiência conduzida em sala de aula e pela disposição em fazer essa comunicação. Sem dúvida, sua abordagem de partir de um assunto relevante no presente e, a partir daí, rastreá-lo historicamente e propor uma discussão aberta, na qual os próprios alunos tornam-se ativos produtores do conhecimento é essencial.
    Minha questão, contudo, é acerca de como um tema sensível com a corrupção foi tratado com esses jovens. Pela minha leitura de seu texto aqui apresentado, seu conceito de corrupção está centrado na ideia de estar ou não uma ação contra a lei. É o conceito clássico, legalista e, neste ponto, limitado. Pois adotar uma postura crítica contra a corrupção pressupõe inclusive discutir com qual conceito de corrupção se lida. Por exemplo, o conceito de corrupção de Mark Warren, segundo o qual ela se define como atitudes de grupos de interesse que retiram de outros as oportunidades de igualdade, mediante cooptação de detentores de poder. Veja bem: tudo isso pode ser feito dentro da lei, mediante financiamento privado de campanhas políticas que podem aprovar uma lei, por exemplo, beneficiando os planos de saúde (contra a população que dele necessita) ou favorecendo o agronegócio em detrimento da ampliação da agricultura familiar. Tudo isso tem consequencias drásticas e são claramente corruptas, mas são estritamente legais. Minha pergunta é, essa dimensão do conceito foi trabalhado em sala de aula? se sim, como? se não, porque?

    Grande abraço

    ALEX FERNANDES BORGES
    UFG

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    1. Olá Alex, obrigado pela pergunta!

      Gostaria de frisar que ao abordar a corrupção em sala optei por utilizar materiais que fossem didáticos, mas também bem fundamentados. Isso se aplica ao fascículo de Medeiros e Rocha (2016) e ao artigo do nosso atual Ministro da Justiça, Sergio Moro(2015), sendo que todos os autores são formados em Direito e portanto atuam na área jurídica.
      O foco do projeto era propor uma reflexão acerca de como a corrupção é um malefício tanto na própria sociedade civil como nos mais altos cargos da república. Permitindo assim que esses jovens criassem suas próprias concepções acerca do papel cidadão e reconhecessem sua importância enquanto sujeitos históricos para que a corrupção seja combatida!
      Mas apesar de não seguir essa linha de abordagem expressa em sua pergunta, sempre destaquei que a corrupção é um processo expansivo, e que representa também uma ameaça a democracia e corrompe os códigos de ética, os direitos humanos e macula até mesmo o progresso tanto econômico quanto social do nosso país.
      Acho que o historiador ao criar uma narrativa, sempre acaba por escolher fontes ou discursos com o qual irá trabalhar em sua operação historiográfica, tentando transmitir o que se é almejado nesta narrativa. Sem dúvida, essas escolhas não são neutras, mas todo o propósito do historiador ao fazer essas escolhas, se remete ao próprio compromisso deste profissional com a sociedade, que é a de problemátizar tramas históricas e mostrar as mudanças e permanências, isto não é diferente até quando se trata de uma trama polemica, a exemplo da corrupção.

      Marcos de Araújo Oliveira

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  5. Boa noite,

    Como professora há mais de uma década, fico curiosa sobre como você abordaria novamente esse tema em futuros projetos, sendo que você adotou uma postura legalista e usou o atual ministro Moro na sua bibliografia. Como, desse viés legalista, você manteria essa escolha e justificaria perante o alunado?

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  6. Boa noite Marcos.
    Primeiramente parabéns pelo trabalho. Marcos minha pergunta é a seguinte: de acordo com sua vivência e experiência em sala de aula como mediador do projeto, qual o papel do professor em identificar junto aos alunos a diferença entre corrupto e corruptor. O primeiro sendo sujeito que exerce práticas de corrupção, e o segundo, o que permite ou facilita o desenvolvimento dessas práticas, levando em consideração o debate sobre práticas do cotidiano que leva o sujeito a tal situação.
    Agradeço,
    Edson dos Santos Ferreira Junior

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