Marcelo Gonçalves Ferraz
INTRODUÇÃO
O medievo tem sido cenário de diversas
produções cinematográficas, desde o surgimento do cinema em fins do século XIX.
Este mesmo veículo, a mídia fílmica, pensada inicialmente como produto de
consumo – desde a Exposição Universal de Paris de 1900 até o surgimento e
hegemonia do cinema comercial de Hollywood – é também ferramenta do processo
ensino-aprendizagem, especialmente de História.
Entretanto, justamente pelo fato de ser um produto
que visa obtenção de lucro, podemos observar nos roteiros de diversos produtos
fílmicos, uma fuga da narrativa histórica em direção aos anseios do produtor,
que tem no filme uma fonte de investimento. Com o objetivo de que esse
investimento se torne lucrativo e possa gerar dividendos, os roteiros abandonam
a narrativa histórica em prol da fantasia, especialmente no que se refere à
adição de situações de romance, aventura e comicidade.
O objetivo de nosso trabalho é mostrar como o
filme, excelente instrumento pedagógico, quando contextualizado com a Idade
Média, pode estar carregado do que Macedo (2009) chamou de “Medievalidade” ou
“Reminiscências Medievais”. Para isso, escolhemos duas películas produzidas em
meados da década de 1980, período de grande interesse pelos estudos medievais.
Amparados nas pesquisas de Marc Ferro (2010),
Robert Rosenstone (2010), Victor Reia-Baptista (1995) e Peter Burke (1999),
traçaremos um breve panorama sobre a temática Cinema e História, concatenando
com os estudos de Macedo (2009) e Franco Junior (2001), sobre as considerações
relativas ao contexto histórico da Idade Média.
EDUCAÇÃO, CINEMA E MEDIEVO
Alves (2006, p. 290) sintetizou o cinema como “a
arte total”, capaz de unir, em um único veículo, diversas outras expressões
artísticas, como a música, a pintura e a dança, sendo, dessa forma, a mais
completa arte do século XX. Da mesma maneira, de acordo com o autor, o cinema é
uma forma de mediação estética a serviço da indústria de entretenimento,
funcionando como experiência sócio-catártica para as massas.
Além disso, o cinema, desde seus primórdios, tem
funcionado como repositório de costumes, comportamentos e conhecimentos,
ditando moda, influenciando mentalidades e, principalmente, aglutinando
saberes. Duarte (2009) chama a atenção para a prática social objetivada ao
frequentar o cinema, criando novas conexões sociais, levando em conta a
importância da educação como prática social.
A autora enfatiza que ver filmes é tão importante,
do ponto de vista social e educacional, quanto ler livros (DUARTE, 2009, p.
16). Além disso, segundo a autora, grande parte do conhecimento não-formal que
adquirimos no decorrer de nossas vidas é oriunda do que captamos das imagens
cinematográficas. Da mesma forma, grande parte dos conceitos que criamos sobre
o amor romântico, sexualidade ou relações familiares são advindas do que
aprendemos com os filmes.
Assim, o que poderemos esperar do conhecimento
não-formal adquirido do espectador comum sobre uma temática tão ampla, rica e
conflituosa como a Idade Média? Que concepção de Medievo será criada por um
público que só o conhece por meio de realidades apresentadas nas telas do
cinema?
Esse referido conflito de saberes nos leva a
observar o que nos diz Franco Junior (2001) sobre a construção da ideia do que
seria a Idade Média. Segundo o autor, o próprio termo “Idade Média” não seria
nada além de um rótulo, criado a
posteriori, com o intuito de diminuir, menosprezar e desqualificar o
período ali compreendido. Ora, grande parte desse (des)conhecimento ainda
observado hoje advém desses conceitos surgidos ainda no século XVI. O cinema,
como qualquer outro meio de comunicação de massa, acaba tornando-se veículo
desse (des)conhecimento, ajudando a propagar conceitos errôneos e
preconceituosos sobre um período da história humana que, como qualquer outro, é
possuidor de avanços e retrocessos.
Além disso, o cinema detém o poder de funcionar
como propagador de ideologias, às vezes evidentes, e por vezes inseridas nas
entrelinhas. Ferro (2010) fez uma análise minuciosa dessa potencialidade
latente dos filmes quando observou tanto o cinema soviético e sua relação de
legitimação recíproca entre regime político e cinema, bem como o cinema
norte-americano e sua escrita fílmica histórica, elevando a Guerra da Secessão
ao patamar de “ato fundador da história dos Estados Unidos” (FERRO, 2010, p.
191).
Ainda em relação ao poder ideológico inserido nos
filmes, observamos a questão da Pedagogia Afirmativa, defendida por
Reia-Baptista (1995), que, por termos o cinema norte-americano como maior
produtor cinematográfico, esbarraremos sempre no discurso do texto fílmico em
harmonia com os valores e discursos daquela sociedade.
Quanto à temática Cinema e História, Rosenstone
(2010) sintetizou a capacidade do cinema no campo do ensino de história quando
nos disse que “A tela certamente não proporciona uma janela limpa para um
passado extinto; no máximo fornece uma construção de realidades que se
aproximam daquilo que uma vez existiu” (ROSENSTONE, 2010, p. 234). Aqui se
encontra, talvez, a maior dificuldade no desenvolvimento de conceitos e
preconceitos difundidos pelo cinema e adquiridos no cinema: a janela em que se
projeta o passado (a tela do cinema) é apenas uma reconstituição do passado –
carregada de ideologias e conceitos, por vezes errôneos de seus realizadores –
e não o passado em si.
Enquanto Ferro (2010) considerou o filme como uma
contra-análise da sociedade, Rosenstone (2010) o considerou como uma
contra-análise do passado. Além disso, o autor defendeu a ideia de chamar os
cineastas de historiadores, discorrendo sobre Roberto Rossellini e, principalmente,
Oliver Stone, classificando-o como um dos maiores cineastas/historiadores da
história recente dos Estados Unidos da América.
Burke (2004) faz uma análise sobre a
facilidade/dificuldade na produção de filmes históricos e conclui que “[...] é
relativamente difícil encontrar um filme que trate de um período anterior ao
século 18 que faça uma tentativa séria de evocar uma época passada [...]”
(BURKE, 2004, p. 202). Nosso recorte de pesquisa repousa em uma linha temporal
vivida antes do século XVI. Ou seja, as dificuldades na concepção e geração de
um produto, inicialmente pensado para o consumo, como o filme, é infinitamente
multiplicado, quando se pensa esse mesmo produto como ferramenta de processo
ensino-aprendizagem sobre uma temática localizada em um passado distante, como
o Medievo. Devido a isso, Burke complementa seu pensamento, afirmando que “A
maioria dos bons filmes históricos trata do passado relativamente recente”
(BURKE, 2014, p. 206), o que não diz respeito aos filmes que tratam da Idade
Média.
Dessa forma, podemos concluir que além da
dificuldade em se estabelecer uma relação fidedigna entre cinema e história,
devemos considerar as ideologias defendidas na mídia fílmica, bem como a
pedagogia inserida e a potencial informação a ser disseminada no espectador
comum.
MEDIEVALIDADE E REMINISCÊNCIAS MEDIEVAIS
Os termos “Medievalidade” e “Reminiscências
Medievais” foram cunhados por Macedo (2009), que os conceituou como referências
fantasiosas ou reais sobre o Medievo. Em relação à temática Cinema e Medievo, Macedo
(2009) nos lembra que embora sejamos levados a acreditar que qualquer filme de
temática medieval faça referência a fatos históricos daquela época, somos
forçados a considerar as diversas mediações que existem entre a obra e o espectador,
fazendo-nos distinguir a Idade Média exibida nos filmes de a Idade Média
presente nos livros. Ou seja, a Idade Média propriamente histórica e a ideia do
passado medieval visto com o olhar da posteridade – normalmente preconceituosa,
herança do Renascimento do século XVI; ou folclórica, herança do romantismo do
século XIX.
Dessa forma, observam-se duas possibilidades de
exposição do medievo: reminiscências medievais (que de alguma forma representa
algo da realidade histórica da Europa medieval) e medievalidade (uma referência
estereotipada da Idade Média).
O autor observa que a partir da década de 1960, por
conta do movimento hippie e da
contracultura, a medievalidade tem inspirado a indústria musical. Podemos
encontrar referências em discos de rock dos anos 1970, bem como em bandas de Heavy Metal dos anos 1980. A década de
1980 foi particularmente interessante, no que diz respeito a ligação criada
entre o Medievo e o Heavy Metal. A
revista Heavy, de outubro de 1986,
trazia uma matéria intitulada Venom – a
vingança dos visigodos do Black Metal. Na matéria, podia-se ler alguns
trechos como: “Não há nada de macio no Venom. Tudo é violento e forte”. Seus
integrantes assumiram nomes ditos medievais: Cronos, Abbadon e Mantas, e no seu
visual utilizavam “[...] armas brancas e símbolos cabalísticos da Idade Média”
(HEAVY, 1986, p. 17).
Ou seja, era comum a apropriação do que se
acreditava ser medieval (inclusive o próprio termo denotava algo selvagem e violento),
bem como relacionar os povos germânicos como pilhadores e assassinos. A imagem
que se queria criar dos integrantes de bandas de Heavy Metal era a de bárbaros
sanguinários. Nada melhor do que sociedades da Idade Média, de acordo com a
mentalidade da época.
Este medievo, inspirado na fantasia, ganhou grande
popularidade e influenciou a literatura, que se utilizou de dragões, monstros e
cavaleiros em suas narrativas. Prova disso é o enorme sucesso alcançado por
obras como O senhor dos anéis e O Hobbit, livros transformados em filmes
recentemente. Dessa forma, o cinema sobre o Medievo deve ser analisado no
contexto da medievalidade e não da historicidade medieval.
Além disso, segundo o autor, os filmes com temática
medieval podem ser classificados em pelo menos três categorias: os filmes de
historiadores; os filmes de personagens históricos e os filmes de aventura. Os
filmes de aventura não apresentam qualquer compromisso com a fidelidade
histórica e podem estar carregados de ideias errôneas sobre o Medievo.
Normalmente são enredos situados em algum ponto da Idade Média elaborados a
partir de duas temáticas: romance e ação, nos quais certamente iremos encontrar
cidades antigas, muralhas e cavaleiros com armaduras. A época e o local não
importam para o desencadeamento da aventura, caracterizando, dessa forma,
exemplos de medievalidade.
As reminiscências medievais podem ser observadas
principalmente em filmes de historiadores ou de personagens históricos, pelos
vestígios do que um dia pertenceu ao Medievo, alterados ou transformados com o
passar do tempo. Os filmes de personagens históricos encontraram campo profícuo
para a elaboração de roteiros cinematográficos. De acordo com o autor, Joana
d’Arc foi certamente a personagem mais retratada, desde o surgimento do cinema.
Outras figuras sempre recorrentes são Rei Artur, Robin Hood e Henrique V.
Entretanto, o que se observa comumente é que a maioria dos filmes sobre o
medievo estão situados após o século XI, e as temáticas preferidas estão
relacionadas à peste, cruzadas, vikings e guerras.
LADYHAWKE (1985) E O NOME DA ROSA (1986)
Franco Junior (2001) chama a atenção, no prefácio
de sua obra, para o fato de que na década de 1980 começava a haver no Brasil um
interesse crescente pela temática medieval. Os filmes escolhidos para
discorrermos sobre o assunto foram produzidos justamente nesse período, meados
da década de 1980.
Ladyhawke (1985), que teve como subtítulo no Brasil O feitiço de Áquila, parte da premissa
de ser um filme contextualizado no medievo. É um bom exemplo de Medievalidade
presente no cinema, pois é um filme de ação, com boa dose de fantasia, sendo
marcado pelo romance entre seus protagonistas.
O filme nos leva a crer que seu contexto se passa
na Europa medieval. Em seu enredo, Phillipe
Gaston, um ladrão conhecido como "O Rato", escapa das masmorras do
Bispo de Áquila pouco antes de sua execução. Logo de início encontramos um dos
temas favoritos da indústria cinematográfica sobre o Medievo, segundo Macedo
(2009), o poder da Igreja. Gaston é
recapturado pelos guardas do bispo, mas
acaba sendo salvo por Etienne Navarre,
que planeja utilizar o conhecimento de Gaston para entrar em Áquila e
assassinar o bispo.
Após uma emboscada dos guardas do Bispo, o falcão que acompanha Navarre é
atingido por uma flecha e levado por Gaston para ser tratado por um ex-padre
chamado Imperius. Quando Gaston entra no aposento em que o falcão foi deixado e
encontra uma mulher com uma flecha presa ao seio, descobre que o casal foi
amaldiçoado pelo bispo de Áquila. A
maldição consiste em Navarre transformar-se em lobo durante a noite e sua amada
em falcão durante o dia, de modo a estarem sempre separados, apesar de juntos,
impossibilitando-os de qualquer encontro sexual, talvez aqui reminiscências da
temático sobre o amor cortês.
O enredo traz elementos da fantasia, tão bem
explorados hoje por outros títulos. Entretanto, embalado em uma trilha sonora
rock and roll. Um dos responsáveis pela trilha sonora foi Alan Parsons, famoso
na década de 1970 pelo grupo de rock progressivo The Alan Parsons Project, e por ter trabalhado na produção do disco
The dark side of the moon (1975), da
banda Pink Floyd. Outro fator que chama a atenção em Ladyhawke é o figurino dos guardas de Áquila, mais condizente com a
temática Star Wars (1979) do que com
o medievo propriamente dito. O diretor, Richard Donner, seria responsável por
filmes de ação que fizeram grande sucesso anos depois, iniciados com Máquina mortífera (1987).
Dessa forma, Ladyhawke
(1985), acaba se tornando um bom exemplo da “medievalidade” destacada por
Macedo. Podemos observar no filme aqui referido que a Idade Média não passa de
uma alusão, uma referência estereotipada, longínqua. Entretanto, não podemos
nos esquecer que “[...] o propósito do filme não é [...] estimular uma reflexão
sobre o passado, mas divertir [...]” (MACEDO, 2009, p. 19). Dessa forma, Ladyhawke cumpre seu papel.
Em relação às “reminiscências medievais”, o autor
as defende como “formas de apropriação dos vestígios do que um dia pertenceu ao
Medievo [...]” (MACEDO, 2009, p. 15). Ou seja, monumentos arquitetônicos,
festividades, costumes populares, entre outros. Um bom exemplo é o filme O nome da rosa (1986), dirigido por
Jean-Jacques Annaud, a partir da obra de Umberto Eco, e exaustivamente
utilizado em artigos sobre o Medievo.
Em O nome da
rosa (1986), podemos, entre outras características, observar a forte
religiosidade, característica do homem do Medievo. Além disso, tendo como
cenário um mosteiro, o filme é positivo em nos mostrar o ambiente de clausura
que levava os religiosos a desenvolver ideias misóginas, associando a figura da
mulher ao mal. A própria rivalidade entre o monge conservador, que vê o diabo
em tudo, e William de Baskerville, defensor das ciências, é uma clara alusão ao
ocaso do Medievo e a chegada de uma era da razão e das luzes.
Macedo (2009, p. 27) chama a atenção para a
dificuldade na produção de filmes oriundos de obras literárias como no caso de O nome da rosa (1986), devido as
divergências observadas na transposição do enredo do livro para as telas. Silva
(2011) explica que o diretor Jean-Jacque Annaud, logo no início da película,
adverte o espectador sobre o filme ser um trabalho baseado no livro de Umberto
Eco, mas, não necessariamente uma transposição literal do mesmo. Segundo a
autora, nos créditos de abertura surge na tela o aviso de que o filme é um
palimpsesto do livro. Ou seja, um texto que foi apagado para que outro fosse
escrito.
No enredo do filme, que se passa em 1327, o monge
franciscano William de Baskerville e seu pupilo Adso von Melk, chegam a um
mosteiro no norte da Itália e passam a investigar uma série de assassinatos
ocorridos no local. Para muitos monges ali presentes os crimes estão sendo
cometidos pelo demônio. Para William de Baskerville os crimes não são oriundos
do sobrenatural. A premissa principal da trama é o embate entre a religiosidade
e a ciência. Entre a fé e a razão. O filme se torna uma pintura na qual
observamos a transição da Idade Média, de mentalidade deliberadamente
religiosa, para uma nova era, calcada na razão e nas ciências. E ao final da
película podemos observar a vitória do raciocínio sobre a crença.
De fato, O
nome da rosa (1986) cumpre seu papel de ser objeto de entretenimento tão
bem quanto Ladyhawke (1985). As duas
fontes fílmicas enquadram-se nos conceitos gerados por Macedo (2009). Convém
observar que qualquer produção cinematográfica sobre o Medievo estará
impregnada de Reminiscências medievais e de Medievalidade em graus diversos,
mas nenhuma terá apenas uma destas características. Em algum momento uma
produção impregnada de Medievalidade poderá apresentar alguma Reminiscência
Medieval, bem como o contrário. Esse detalhe mostra bem o potencial que os
filmes têm no que concerne ao ensino de história. Em especial, ao ensino da
Idade Média.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observando o contexto atual podemos observar que o
Cinema está entrelaçado ao ensino de História. Desde as primeiras projeções,
personagens históricos foram retratados nas telas, levando-nos, por vezes, a
crer que o cinema surgiu para narrar a História.
O ensino de História atualmente encontra-se
favorável à utilização de novas tecnologias na sala de aula. Entre essas tecnologias
citamos o cinema, graças ao seu poder de “efeito de realidade”, sendo
considerado inclusive seu poder de prender a atenção dos alunos.
Macedo (2009) discorreu sobre a potencialidade do
cinema no processo ensino-aprendizagem sobre o Medievo, o que nos faz observar
como esse período é escolhido por muitos produtores cinematográficos, ávidos
por obtenção de lucros, utilizando-se de dragões, cavaleiros, donzelas e
castelos.
Dentro deste contexto, Macedo (2009) nos fala sobre
a Medievalidade e as Reminiscências Medievais, ou seja, o Medievo sonhado e o
Medievo histórico. O cinema, como repositório de cultura e instrumento de
obtenção de conhecimento, mostra-nos vários exemplos destas potencialidades.
As produções cinematográficas aqui expostas caracterizam-se
por apresentar as propriedades definidas pelo autor citado. Produzidas no mesmo
período, meados dos anos 1980, os filmes Ladyhawke
(1985) e O nome da rosa (1986) nos
permitem observar a construção de um medievo sonhado, habitado por cavaleiros e
damas em busca do amor puro, contra as forças tirânicas que teimam em querer
reinar. Da mesma forma, podemos observar o duelo entre a fé e a ciência, Deus e
o homem. Um embate que irá caracterizar a perda da hegemonia pela Igreja e a
ascensão do pensamento científico, a chegada da era das luzes em detrimento da
escuridão.
Assim, relacionamos os conceitos desenvolvidos por
Macedo (2009), uma pequena exposição que se mostra profícua, quando observamos
o grande manancial de títulos cinematográficos que abordam esse período tão
fascinante e controverso, o Medievo.
REFERÊNCIAS
ALVES, Giovanni. Trabalho e cinema: o mundo do trabalho através do cinema. Londrina:
Praxis, 2006.
BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: Educs, 2004.
DUARTE, Rosália. Cinema & educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
FERRO, Marc. Cinema e História. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade média: nascimento do ocidente.
São Paulo: Brasiliense, 2001.
MACEDO, José Rivair. A Idade Média no cinema. São Paulo:
Ateliê Editorial, 2009.
REIA-BAPTISTA, Vitor. Pedagogia da
Comunicação, Cinema e Ensino: Dimensões Pedagógicas do Cinema. In: Educacion y médios de comunicacion em el
contexto Iberoamericano. Universidade Internacional de Andalucia, 1995.
ROSENSTONE, Robert. A história nos filmes, os filmes na
história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
SILVA, Edlene Oliveira. Cinema e ensino de história: a
Idade Média em O Nome da Rosa de Jean-Jacques Annaud. O Olho da História, n. 17, dez. 2011.
Olá Marcelo Ferraz, Boa noite.
ResponderExcluirPrimeiramente parabéns pelo seu artigo, achei muito interessante as abordagens e reflexões levantada por você principalmente nessa questão de “medievalidade e reminiscências medievais”, em seu texto você afirma que "O ensino de História atualmente encontra-se favorável à utilização de novas tecnologias na sala de aula. Entre essas tecnologias citamos o cinema, graças ao seu poder de “efeito de realidade”, sendo considerado inclusive seu poder de prender a atenção dos alunos", em relação a toda essa questão levantada sobre as produções de filmes e essa questão apontada no texto sobre [...] “fazendo-nos distinguir a Idade Média exibida nos filmes de a Idade Média presente nos livros. Ou seja, a Idade Média propriamente histórica e a ideia do passado medieval visto com o olhar da posteridade – normalmente preconceituosa, herança do Renascimento do século XVI; ou folclórica, herança do romantismo do século XIX”. Gostaria de saber se em relação a questão de “Educação, Cinema e Medievo”, você já trabalhou com alunos algum desses filmes citado no artigo, ou outros , e como procedeu o trabalho e quais foram os pontos positivos e negativo ( se caso teve) com a pratica em sala de “ educação, cinema e medievo”, e a receptividade dos alunos em relação a essa tecnologia em sala, como foi?
Desde já eu agradeço, atenciosamente
Eliandra Gleyce dos P. Rodrigues
Discente em Licenciatura em História – UFPA/Ananindeua.
Boa noite, Eliandra. Trabalho com cinema na sala de aula, utilizando o livro didático como "guia" e material impresso de apoio. É muito interessante observar a atenção e a participação dos alunos nas aulas reservadas à exibição. Obviamente, uma aula de 50 minutos não é suficiente para um longa-metragem, o que me leva a fazer a edição - utilizo o windows movie maker - reduzindo o filme a 25-30 minutos. Começo com apresentação do tema (15 minutos), apresentação da ficha do filme escolhido (5 minutos), exibição do filme editado (25 minutos) e proposta de atividade (mais 5 minutos). Espero ter ajudado. Coloco-me a sua disposição para eventual auxílio.
ResponderExcluirOi Marcelo! Belo texto
ResponderExcluirMe chamou muita atenção quando você destaca:
"Este medievo, inspirado na fantasia, ganhou grande popularidade e influenciou a literatura, que se utilizou de dragões, monstros e cavaleiros em suas narrativas. Prova disso é o enorme sucesso alcançado por obras como O senhor dos anéis e O Hobbit, livros transformados em filmes recentemente. Dessa forma, o cinema sobre o Medievo deve ser analisado no contexto da medievalidade e não da historicidade medieval"
Diante desta perspectiva, o que dá a um filme a característica de ser denominado como trama medieval?
sendo que em vários filmes vemos que há a utilização de alguns elementos que remetem a idade Média, mas nao se caracterizam como aspectos do Medievo em si, porém alimentam o imaginário (ou estereótipos) acerca desse periodo, como no caso de fadas e dragões.
Como realizar essas distinções?
Marcos de Araújo Oliveira
Bom dia, Marcos.
ExcluirQualquer filme pode se denominar "medieval". Os filmes aqui discutidos são bons exemplos das características apontadas por Macedo, dentro das reminiscências medievais e da medievalidade. Obviamente, algumas obras cinematográficas terão mais características que outras. Ladyhawke, por exemplo, é carregado de medievalidade, uma vez que conseguimos identificar sua proposta "medieval" por meio da trama do enredo, que mistura cavaleiros, damas e misticismo. Ou seja, é um filme que exibe uma representação caricata do medievo. Diferentemente, "O Nome da Rosa" exibe reminiscências medievais, por conter informações que, de alguma forma, faz referência à Idade Média histórica.
Boa noite Marcelo Ferraz! O filme é uma ótima fonte para o ensino de História e para produzir a escrita da História. Gostaria de saber em sua análise fílmica, como o filme representa, por meio dos seus personagens, os papéis sociais que identificam as hierarquias e lugares sociais representados?
ResponderExcluirClaudia Vanessa Brioso Santos.
Bom dia, Cláudia. O filme, como representação e reconstituição histórica, é uma janela imprecisa que se abre para outras épocas. As representações sociais podem ser muito bem exploradas. Prova disso são as relações sociais do sistema feudal presente em "O senhor da guerra" (1965).
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