CAPARAÓ: GUERRILHA, RESISTÊNCIA E DIFICULDADES DE INSERÇÃO (1964 - 1967)


Alaéverton Andrade


RESUMO: O presente trabalho se propõe através de análises de material bibliográfico e audiovisual apresentar um panorama sobre a Guerrilha do Caparaó, conduzida essencialmente por ex-militares expurgados após o golpe de 1964, sendo a primeira guerrilha contra a ditadura militar brasileira.
Palavras-chave: Caparaó, Guerrilha, militares subalternos.

A deposição de João Goulart do cargo de presidente cumprindo mandato constitucional no Brasil, realizada por setores das Forças Armadas, contando com a ação política de alguns governadores como Magalhães Pinto, Adhemar de Barros e Carlos Lacerda, assim como segmentos dentro do congresso brasileiro que declararam vacância de cargo com o presidente ainda no país e com apoio da imprensa, financiamento de empresários, participação de órgãos religiosos e grupos organizados da sociedade civil além de outros setores econômicos, jurídicos e políticos, foi consolidada ainda na madrugada de 2 de Abril de 1964 com a assunção interina da Presidência da República pelo deputado Ranieri Mazzili. Tais fatos não tiveram a legalidade questionada pelo Supremo Tribunal Federal naquele momento.

No dia 9 de Abril de 1964 foi assinado pela junta militar composta por Arthur Da Costa e Silva, Francisco Mello e Augusto Rademaker o Ato Institucional (AI) que posteriormente recebeu o nome de AI-1, o qual além de transformar o Congresso Nacional em colégio eleitoral já deixava claro desde seu preâmbulo os objetivos de saneamento institucional brasileiro, por parte dos grupos que ascendiam ao poder, afastando assim opositores das mais diversas linhas de ação e pensamento. Esse mesmo colégio eleitoral sitiado elegeu no dia 15 de abril de 1964 o general Humberto de Alencar Castelo Branco como presidente, cumprindo o objetivo dos citados grupos, que buscavam uma aparência de legalidade ao golpe. Chama atenção ainda que o governo instituído no Brasil com a queda de João Goulart recebeu o reconhecimento oficial do Governo dos Estados Unidos da América ainda no dia 2 de abril de 1964 muito pela ação do então embaixador Lincoln Gordon.

O golpe civil militar de 1964 inaugurou um período de intensas perseguições políticas e expurgos no Brasil, período no qual diversos indivíduos e grupos envolvidos em questões políticas sofreram brutal perseguição após a deposição de João Goulart, assim como vários expurgos foram realizados no serviço público brasileiro e principalmente no âmbito das Forças Armadas, atingindo não somente praças como também oficiais. As formas de expurgo aplicadas variaram desde a prisão e expulsão, aplicada principalmente às praças e militares subalternos, até a reserva compulsória, a qual atingiu principalmente oficiais generais e oficiais superiores.

“Dentro dessa nova Ordem, de inequívoco viés autoritário, não havia espaço para a ‘desordem’ dos ‘políticos’, fossem eles homens de partido, militantes sindicais, religiosos, estudantes ou militares.” (PARUCKER, 1992, p. 50).

Diversos processos judiciais, administrativos militares assim como condenações de naturezas variadas buscaram punir os militares, principalmente subalternos que se associaram a movimentos políticos construindo uma narrativa na imprensa, para a população civil e principalmente para os demais militares sobre os atos considerados como indisciplina e quebra da hierarquia por parte principalmente daqueles que se organizaram em movimentos predominantemente durante o governo Goulart, assim como enfraquecer e desestabilizar as oposições dentro das Forças Armadas ao regime estabelecido, adotando uma retórica anticomunista rígida, autoproclamada nacionalista.

Além de punir militares com prisões e expurgos, a repressão conduzida pelas Forças Armadas perseguia tais indivíduos inclusive após a expulsão dos mesmos do serviço ativo. Após a expulsão, os ex-militares encontraram muitas dificuldades para conseguir trabalho em empresas civis, tendo em vista que tais empresas recebiam pressão para não mantê-los no quadro de funcionários por parte das estruturas coordenadas pelos militares que tomaram o governo em 1964, como aponta Costa (2007). Alguns grupos e também indivíduos buscaram preservar e utilizar pelo menos em parte as estruturas e contatos estabelecidos nas associações, organizações, clubes seja para a luta revolucionária de enfrentamento a ditadura estabelecida, seja para obter apoio para a sobrevivência, muitas vezes na clandestinidade.

Depois da longa e eficiente mobilização dos movimentos de militares subalternos nos primeiros anos da década de 1960, focos de resistência e luta pela garantia da legalidade tornaram-se resistência à ditadura, mesmo que de forma clandestina e até mesmo dispersa em alguns casos. Diversos ex-militares ingressaram em organizações como AP e POLOP, fortalecendo ainda mais os laços já existentes com estudantes e trabalhadores (RIDENTI, 2010, p. 161). A intensa e cerrada perseguição da ditadura sobre tais elementos, fez do exílio em outros países através de asilo político uma das poucas opções disponíveis aos mesmos.

Cabe destacar a ligação fortalecida entre os ex-militares e o ex- governador Leonel Brizola, a qual provinha principalmente da campanha da legalidade de 1961, permaneceu e acompanhou a conjuntura de radicalização política dos próprios militares assim como de Brizola nos anos seguintes até 1964 e os acompanhou no exílio. Brizola era reconhecido como a grande liderança capaz de aglutinar em torno de si forças com capacidade de enfrentamento à Ditadura estabelecida no Brasil. A opção inicial de enfrentamento por parte de Brizola estava ligada a sublevação militar em quartéis aliando-se a outros setores. O ex-governador além da opção pela sublevação ao estilo “quartelada”, possuía uma formação política Sul-Riograndense ligada a uma cultura política que valorizava o enfrentamento muitas vezes violento e belicista entre grupos armados recrutados de acordo com opção partidária, algo parecido com a conjuntura da Revolução de 1930 que levara Getúlio Vargas ao poder.

Reunidos Brizola, diversos ex-militares expurgados e perseguidos após o Golpe de 1964, elementos civis como Paulo Schiling o qual era antigo acessor de Brizola, alguns ex- deputados e outros indivíduos formaram um grupo que recebeu a denominação de Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) (ROLLEMBERG, 2001, p. 23), o qual funcionava como um projeto a ser implantado e não apenas como uma organização, contava ainda com apoio de Cuba. 26 integrantes do MNR fizeram treinamento em Cuba, entre eles quatro integraram a guerrilha do Caparaó, respectivamente os ex-marinheiros Amaranto Jorge, Avelino Capitani e Edival de Melo, além do ex- bancário Hermes Neto, integrante do apoio logístico e urbano da guerrilha (ALMEIDA, 2009, p. 126-127). A opção pela luta armada foi realizada não só por aquele grupo, como também por outros antes mesmo do golpe de 1964, e com o fracasso da ideia inicial de Brizola relacionada à “quartelada”, a opção pela guerrilha foi definitivamente adotada.

 O treinamento cubano consistia principalmente em técnicas de sobrevivência, combate rural e preparação ideológica. Passar pelo treinamento em cuba conferia ao guerrilheiro um status de destaque dentro dos grupos revolucionários, apesar da precariedade do treinamento oferecido, os mesmos recebiam inclusive a distinção de “comandantes”. (ROLLEMBERG, 2001, p. 23)

Além de treinamento, o governo cubano oferecia apoio financeiro ao projeto guerrilheiro. Através de Brizola, fato admitido pelo próprio  (ROLLEMBERG, 2001, p. 27), foi enviado apoio financeiro tanto para compra de armas, munição, aluguel de aparelhos para guerrilha, quanto para apoio na subsistência dos guerrilheiros e de exilados políticos. Existem várias polêmicas relacionadas à distribuição do dinheiro recebido, tendo em vista que Brizola jamais prestou contas do mesmo. A aplicação desses recursos é incerta, porém é fato que faltava recursos aos guerrilheiros no teatro de operações do Caparaó.

A concepção de modelo de foco guerrilheiro adotada pelos grupos que realizaram treinamento em Cuba nos anos 1960 e admitida por diversos outros em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil  sofreu forte influência da teoria elaborada pelo francês Regis Debray sobre a Revolução Cubana.

A pretensão inicial do projeto de guerrilhas a ser implantado no Brasil elaborado pelo MNR incluía três focos iniciais. Após uma tentativa de guerrilha rural na região de Criciúma, esta denunciada por moradores que confundiram os guerrilheiros com assaltantes que roubaram um banco nas proximidades, a localização dos focos foram deslocadas da região sul. Os focos iniciais seriam instalados em área de divisa entre os estados de Goiás (território atualmente de Tocantins), Maranhão e Pará, outro no estado de Mato Grosso, na divisa com a Bolívia e o terceiro em um local já estudado anteriormente por militantes da POLOP, o Parque Nacional da Serra do Caparaó, localizado na divisa entre os estado de Minas Gerais e espírito Santo.

 A escolha da Serra do Caparaó tinha razões estratégicas. A principal razão é a proximidade geográfica de grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o que ajudava as atividades de apoio logístico além de ser um local sem grandes corporações militares.

Entre os guerrilheiros que subiram a Serra do Caparaó havia apenas um civil, Milton Soares de Castro, os demais eram ex-militares expurgados após o golpe de 1964, destacando-se os ex-sargentos do Exército Amadeu de Almeida Rocha, comandante da Guerrilha; Amadeu Felipe da Luz Ferreira, comandante militar da guerrilha; Anivair de Souza Leite, natural de Munhumirim, na região do Caparaó e responsável por alugar uma propriedade em contato com familiares, a qual serviu como base de operações da guerrilha; Araken Vaz Galvão, subcomandante da guerrilha; Daltro Jacques Dornellas; Edival Augusto de Melo; Jelcy Rodrigues Corrêa; o ex-sargento da Aeronáutica Josué Gonçalves Cerejo e os ex-marinheiros Amaranto Jorge Rodrigues Moreira; Avelino Bioen Capitani; João Jerônimo da Silva; Jorge José da Silva e o ex-sargento da Marinha Edival Augusto de Melo. Além dos guerrilheiros que subiram a Serra do Caparaó, havia outros que trabalhavam como articuladores e prestando apoio logístico à guerrilha, principalmente a partir da cidade do Rio de Janeiro, entre os quais destacam-se os civis Bayard Demaria Boiteux, Edson José de Souza, Gregório Mendonça, Hermes Machado Neto, Itamar Maximiano Gomes e o ex-sargento Deodato Fabrício Batista além do ex-oficial Juarez Alberto de Souza Moreira (ALMEIDA, 2009, p. 60-61).

A Serra do Caparaó abriga o terceiro ponto culminante do Brasil, o Pico da Bandeira a 2.891 metros de altitude. Os efeitos da altitude são facilmente perceptíveis no clima da região, a qual apresenta bastante umidade e frio.  As características das cidades no entorno do Parque Nacional do Caparaó são semelhantes, tratando-se de cidades pequenas, com populações abaixo de cinco mil habitantes, economia baseada em atividades rurais, com pequenos comércios locais que muitas vezes realizavam trocas de produtos sem uso de dinheiro, dada a ausência de moeda circulante na região.

O grupo inicial que se instalou na Serra do Caparaó a partir de outubro de 1966 era composto por dezessete homens, utilizavam armas e equipamentos transportados em bagagens rodoviárias através de ônibus principalmente do Rio Grande do Sul até um depósito localizado no bairro da Penha, na cidade do Rio de Janeiro, e de lá utilizando de veículos por estradas até a região da serra. Pela própria necessidade de mobilidade da guerrilha, diversos acampamentos foram montados e deslocados em várias posições na serra, assim como trilhas e depósitos subterrâneos de armamentos, munições e principalmente alimentos, possibilitando ressuprimento rápido e pontual em possíveis conflitos bélicos.

As atividades iniciais do foco guerrilheiro do Caparaó incluíram treinamentos, levantamentos topográficos empreendidos através de longas marchas de reconhecimento pela serra, mapeando acessos e pontos estratégicos além de preparação intelectual, visando a interação com a população local assim como instruir a mesma sobre questões políticas e sociais. Almeida (2009) diz que:

“O Objetivo da Guerrilha era espalhar [...] espírito de resistência. Era mostrar que existiam pessoas dispostas a lutar contra a ditadura, e encorajar outros grupos, seja na área rural ou urbana, a se unirem motivados por esse mesmo ideal”.

Aliado a estrutura operacional, o apoio logístico da guerrilha utilizou-se do transporte rodoviário a partir do Rio de Janeiro e de um armazém, estabelecido sobre o controle de Dirceu Dornelas, na cidade Guaçuí de onde conseguiam fornecer alimentos aos guerrilheiros, tendo em vista que o objetivo principal era não chamar a atenção da população local, pois a quantidade de alimentos adquirida pelo elemento da guerrilha responsável por buscá-los era sempre grande, tendo em vista a quantidade de elementos na guerrilha.

Apesar da existência de apoio logístico, as adversidades climáticas, assim como conflitos internos foram inviabilizando progressivamente a guerrilha. A umidade tanto das chuvas, predominantes nas estações do ano nas quais a guerrilha esteve ativa, quanto da própria neblina, intensa em altitudes elevadas, deterioraram não só os alimentos como também a saúde de muitos guerrilheiros, fazendo com que necessidades de medicamentos e tratamentos médicos abreviassem algumas deserções. Algumas infecções por peste bubônica também foram constatadas entre os mesmos, devido ao fato de ratos terem invadido alguns depósitos de alimentos, contaminando-os. Diferenças ideológicas, insubordinações, autoritarismo e algumas escolhas particulares contribuíram igualmente para o processo de deserções e queda da guerrilha.

Além das questões relacionadas ao clima e convivência interna, havia o estranhamento com relação à população local, a qual o grupo guerrilheiro não conseguiu se integrar, rompendo assim com um dos pilares da teoria do foco que atestava a importância dos camponeses e população local no projeto revolucionário. Confrontado com a população das regiões nas quais a guerrilha operou o idealismo dos guerrilheiros foi colocado à prova. Os camponeses apesar de muitas vezes serem proprietários das terras que cultivavam, praticavam cultivo de alimentos e criação de animais domésticos para subsistência, produzindo pouquíssimos excedentes, pouco se diferenciando dos camponeses não proprietários de terra que trocavam sua capacidade laborativa por alimentos com outros camponeses. Guimarães (2007) cita um estudo de Cândido (2001) sobre características nas quais se enquadram aquela população:

“Percebe-se que os habitantes dos arredores da Serra do Caparaó possuíam uma vida rústica, muito próxima daquela investigada por Cândido no interior do estado de São Paulo em meados do século XX e que o autor definiu como “cultura caipira”. De acordo com Cândido, as principais características dessa cultura seriam: “[...] 1) isolamento; 2) posse de terras; 3) trabalho doméstico; 4) auxílio vicinal; 5) disponibilidade de terras; 6) margem de lazer”. Destas, as três primeiras aparecem de forma mais clara [...], principalmente o isolamento”.

As condições de vida da população das regiões da Serra do Caparaó eram tão precárias quanto o acesso que os mesmos tinham a informação. Aliado ao fato da maior parte da mesma ser analfabeta ou ter frequentado poucos anos de estudo, meios de comunicação com televisores e jornais eram praticamente inexistentes, em alguns poucos locais existiam rádios, e ouvi-los era quase um evento comunitário, para o qual as pessoas se organizavam e se deslocavam por distâncias consideráveis. Em alguns poucos contatos estabelecidos entre os guerrilheiros e a população local foi possível atestar que a mesma muitas vezes não tinha acesso a informações básicas como nomes de representantes políticos a nível estadual e federal (GUIMARÃES, 2007, p. 266). A estrutura de transportes na região era igualmente precária, havia uma ferrovia que passava na região, porém o número de estradas e automóveis era extremamente reduzido, fazendo com que a maioria dos deslocamentos, principalmente entre as propriedades rurais, as cidades e vilas fosse possível utilizando muares e equinos ou veículos de tração animal como carros de boi e carroças, por exemplo.

O isolamento geográfico, as carências estruturais e econômicas e principalmente a religiosidade eram os moldes do imaginário da população residente nos entornos da Serra do Caparaó. O predomínio religioso era o cristianismo, nas vertentes católica e protestante, além de práticas como curandeirismos realizadas principalmente devido à ausência de serviços de saúde e atendimentos médicos. Através de líderes religiosos e principalmente líderes políticos locais, eram propagadas ideias negativas sobre comunismo que o enquadravam em um espectro extremamente amplo que incluía desde questões morais, religiosas, sociais, porém basicamente como opostas e inaceitáveis dentro das crenças e práticas daquela população, construindo uma imagem negativa e muitas vezes assombrosa sobre o mesmo. Enquadrados na ideia que os habitantes locais concebiam como comunistas os guerrilheiros encontraram mais uma grande barreira para o estabelecimento de vínculo com a população, essa praticamente intransponível para os mesmos naquelas circunstâncias.

Já a partir do fim do ano de 1966 a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) passou a receber diversas denúncias sobre a presença de elementos desconhecidos, inclusive armados nas regiões da Serra do Caparaó. As operações de investigação foram realizadas pela PMMG através de patrulhamentos na região da Serra do Caparaó, assim como infiltrações descaracterizadas, visando levantamento de informações.

A queda do foco guerrilheiro concretizou-se a partir do fim de março de 1967, com a prisão pela PMMG de Jelcy Corrêa e Josué Cerejo, os quais desceram a serra, e se encontravam em uma barbearia na cidade de Espera Feliz, de onde embarcariam para o Rio de Janeiro para resolver assuntos pessoais, assim como a prisão de Amaranto Rodrigues dias depois. Em 31 de Março de 1967, uma patrulha da PMMG subiu a Serra e cercou o acampamento dos guerrilheiros, prendendo os sete remanescentes sem qualquer reação armada, encerrando assim as atividades daquele foco. Suspeitas entre os guerrilheiros levam a crer que o comandante da guerrilha negociara a rendição visando a garantia da integridade física dos envolvidos.

Especulações à parte, o fato é que o comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar de Manhumirim, Coronel Jacinto Franco do Amaral Melo fez com que os guerrilheiros, todos com a integridade física preservada fossem fotografados junto a armamentos e materiais da guerrilha apreendidos e isso foi divulgado pela imprensa, incluindo jornais de ampla circulação nacional, tal fato impediu que o Exército os abatesse na serra justificando como reação à prisão. Frente às notícias iniciais de prisões na serra, um grupo que estava na base de apoio do Rio de Janeiro se deslocou até o local da guerrilha buscando resgatar membros remanescentes e acabou preso, assim como outros membros de apoio posteriormente também foram capturados pela repressão.

Assim que os relatos de prisões chegaram aos serviços de informação, as Forças Armadas deslocaram um contingente de milhares de homens para a região do Caparaó, munidos de aviões e carros de combate, ocuparam toda a região e realizaram intensos bombardeios e operações militares na serra, mesmo não existindo mais nenhum guerrilheiro no local, com ampla cobertura da imprensa. Tal espetacularização visava demonstrar poder de fogo da repressão e intimidar novas possibilidades de enfrentamento á ditadura.

O desmantelamento da guerrilha do Caparaó por parte das forças militares em um período de poucos meses de atuação revelou não só a grande quantidade de dificuldades operacionais e logísticas, mas principalmente dificuldades de integração frente a população da região da Serra do Caparaó.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alaéverton Andrade é graduado em História pela Universidade Castelo Branco (UCB-RJ) (2017). Cursa atualmente Especialização em Ensino de História pelo Colégio Pedro II (CP II) e Especialização em Antropologia Brasileira pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). O presente texto foi adaptado do 3º capítulo da Monografia intitulada “O atípico pode servir para vislumbrarmos as normas”: Os militares subalternos nacionalistas e o processo de radicalização política brasileira nos anos 1960, orientada pelo Prof. Dr. Renato Soares Coutinho e apresentada como requisito para conclusão do curso de graduação em História na Universidade Castelo Branco - Rio de Janeiro.
Contato Email: alaevertonmaicon@gmail.com

ALMEIDA, Dinoráh Lopes Rubin de. A guerrilha do Caparaó, o primeiro movimento armado contra a ditadura militar no Brasil. Alegre- ES, Espelhos do Tempo - Vol. 1, ano1, jul.-dez. 2012.
          
ALMEIDA, Dinoráh Lopes Rubin de. A guerrilha esquecida: Memórias do Caparaó (1966-1967), o primeiro foco guerrilheiro contra a ditadura militar no Brasil. 2014. Dissertação (Mestrado em história) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2009.

CÂNDIDO, Antônio. Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. São Paulo: Duas Cidades/ Ed.34, 2001.

CAPARAÓ. Direção e Roteiro: Flávio Frederico, Direção de produção: Priscila Torres. São Paulo: Kinoscópio, 2006. 77 min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= _kmFrku0YPk.  Acesso: 01 de abril de 2019.

COSTA, José Caldas da. Caparaó: a primeira guerrilha contra a ditadura. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.

GUIMARÃES, Plínio Ferreira. Entre a violência e o afago: as ações da Polícia Militar de Minas Gerais na repressão à Guerrilha do Caparaó (1966-1967). Uberaba: XX Encontro regional de História – História em tempos de crise, 26 a 29 de Agosto de 2016.

GUIMARÃES, Plínio Ferreira. Quando o Comunismo bate à porta: A guerrilha do Caparaó e o medo desenvolvido pela população local em relação aos guerrilheiros. Juiz de Fora: Revista de História /Nº 156, 1º Semestre de 2007.

PARUCKER, Paulo Eduardo Castello. Praças em pé de guerra: o movimento político dos subalternos militares no Brasil (1961-1964). Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de História da Universidade Federal Fluminense. Niterói, 1992.

RIDENTI, Marcelo. O fantasma da Revolução brasileira. São Paulo: UNESP, 2010.

ROLLENBERG, Denise. O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: O treinamento guerrilheiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2001.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto , uma leitura muito fluida. Sua monografia está disponível para baixar ? qual o link ?
    att,
    Eliandra Gleyce D. P. Rodrigues
    Licenciando em História pela UFPA/ ANANINDEUA.

    ResponderExcluir
  2. Agradeço pelo elogio, a monografia não está disponível para baixar mas posso te enviar por email, só peço que releve o fato as eventuais lacunas de bibliografia ou abordagens que porventura eu tenha deixado de incluir ou abordar, tendo em vista ser um trabalho de graduação. Peço que envie seu email para que possa compartilhar.
    Atenciosamente, Alaéverton Maicon de Andrade

    ResponderExcluir