Diego
Alem de Lima
1.
Introdução
Como tem demonstrado a historiografia
sobre a história de São Paulo, a introdução sistêmica de cativos negros como
forma principal de mão de obra para a lavoura se inicia nos anos 1770, tendo
íntimas relações com o processo de crescimento econômico vivenciado pela região
paulista durante o século XVIII, quando exerceu importante papel no
abastecimento dos redutos mineradores (LUNA; KLEIN, 2006).
A vila de São Luís do Paraitinga
(Localizada no vale do Paraíba paulista), mesmo durante o século XIX, quando as
principais culturas exportadoras tomam vulto expressivo em diferentes regiões
paulistas, manteve-se em grande parte como uma localidade especializada no
abastecimento regional. A produção local, majoritariamente centrada em produtos
como o tabaco, o algodão e a criação de suínos, sempre se destinou a suprir as
demandas regionais em cidades como Paraty, Ubatuba e Rio de Janeiro. Como,
então, teria se estruturado a escravidão negra nesse contexto econômico específico?
A posse de escravos tem sido um tema
bastante explorado pelos pesquisadores da escravidão brasileira, sobretudo no
campo da Demografia Histórica. Entretanto, poucos se dedicaram a compreender a
lógica do sistema escravista em contextos que não os diretamente ligados à
grande lavoura de exportação (BACELLAR, 2001, p.143). Logo, o presente texto se
apresenta com os objetivos de, em primeiro lugar, buscar estabelecer
apontamentos quanto à distribuição da posse de cativos em tal contexto social,
e em segundo momento, levantar hipóteses acerca das bases comerciais que teriam
possibilitado a acumulação de capital na forma de escravos em uma vila que, até
o momento estudado, jamais tivera se integrado diretamente às redes mercantis
atlânticas.
Acreditamos que o estudo da estrutura
da posse de escravos em uma comunidade colonial é crucial para a compreensão da
forma pela qual a riqueza se distribuía em tais sociedades, posto que a mão de
obra cativa figurava entre os seus principais fatores de produção, ao lado do
próprio trabalho familiar.
As fontes documentais aqui utilizadas
como base para as análises foram as listas nominativas de habitantes referentes
à vila de São Luís. A confecção de tais maços de população se insere em um
cenário de reformas administrativas de cunho mercantilista, introduzidas pela
coroa portuguesa sob a égide pombalina. O responsável por instaurar a prática
dos recenseamentos no território paulista foi o então governador, o morgado de
Mateus. A partir de 1765, sob a dupla orientação de angariar informações
demográficas para objetivos militares (por conta dos infindáveis conflitos com
os castelhanos na região do Prata) e econômicos (posto que o Estado português
buscava incentivar a produtividade agrícola das vilas como forma de combater a
conjuntura econômica desfavorável), as listas passaram a ser concebidas em
todas as localidades paulistas (MARCÍLIO, 2000).
Assim sendo, tal conjunto nominativo
configura um valioso aporte documental que permite ao historiador demógrafo
abordar o passado a partir das mais variadas posições, seja a partir de um
olhar de sobrevoo com a extração de dados globais de cada uma das vilas, seja
buscando uma análise mais detida através do acompanhamento longitudinal das
trajetórias de vida desses indivíduos listados.
Aqui, decidimos trabalhar com as listas
referentes aos anos pares do intervalo entre os anos de 1798 e 1818, para que
pudéssemos cobrir maior espaço de tempo e analisar uma maior quantidade de
dados.
Cabe ainda ressaltar que o presente
texto faz parte de uma pesquisa ainda em andamento, e que poderão ser
elaboradas conclusões mais robustas com a continuidade da pesquisa.
2. Quadro Social e Estrutura da posse de escravos:
1798-1818.
Apesar de ser uma das regiões de
povoamento mais antigo de que se tem notícia para a história paulista, até
meados do século XVIII, alguns rincões isolados do Vale do Paraíba paulista
permaneceram alheios à ocupação humana. O local onde hoje se encontra a pequena
cidade de São Luís do Paraitinga nos serve para exemplificar um desses casos.
Apenas com a restauração da autonomia administrativa da então capitania
paulista, no ano de 1765, decidiu-se então povoar a área compreendida entre o
Vale e o litoral, região drenada pelos rios Paraitinga e Paraibuna (SAIA;
TRINDADE, 1977).
Em trabalho pioneiro sobre a pequena
vila colonial, Jaelson Trindade e Luís Saia afirmam que o povoamento da região
do Paraitinga deve ser compreendido como uma das consequências da abertura do
Caminho Novo, que ligou diretamente as zonas mineradoras ao Rio de Janeiro,
concluído entre os anos 1780 e 1790.
A nova via teria feito com que as
antigas rotas de ligação, que passavam pelo Vale, deixassem de ser frequentadas
pelos comerciantes e viajantes, e os antigos moradores que ocupavam a região
teriam sido compelidos a buscar novas alternativas de sobrevivência, sobretudo
buscando áreas para desenvolver a lavoura de subsistência. Ademais, a política
empreendida por morgado de Mateus tinha como uma de suas principais diretrizes
a fundação de novas vilas, visando um aumento da produção e consequentemente da
arrecadação por parte do aparato estatal (MONT SERRATH, 2017).
Assim, a origem do pequeno povoamento
teria ligações com a migração e pequenos sitiantes e produtores, posseiros, que
plantavam e criavam para a própria subsistência. O relevo extremamente
acidentado que caracteriza a região, bem como a ausência de jazidas minerais
que despertassem o interesse em sua exploração econômica, teriam feito com que
a povoação mais sistemática da região se desse apenas com a chegada do café ao
Vale, já próximo à segunda metade do XIX. Até então, as pequenas comunidades e
aglomerados populacionais ali instalados se caracterizariam pela quase
exclusiva lavoura de subsistência, que no caso de São Luís, baseou-se,
inicialmente, no plantio de milho e feijão (PETRONE, 1959, p.251).
Esse povoamento rarefeito e baseado na
pequena produção para consumo interno caracteriza a vila durante os anos aqui analisados,
bem como o predomínio de pequenas propriedade policultoras, dedicadas ao
cultivo de gêneros para a subsistência, como arroz, milho, tabaco, feijão e
toucinho.
Entretanto, desde o inicio de nossas
análises foi possível identificar a existência de um comércio de excedentes,
sobretudo voltado à venda de alguma quantidade de açúcar, tabaco e porcos
vivos.
Em 1798, foram listados apenas 379 domicílios,
número pequeno se comparada com vilas vizinhas, como Lorena, que em 1804 já
contava com mais de 1100 fogos listados. Mais do que isso, no decorrer do
período analisado, São Luís não apresenta crescimento acelerado no número de
fogos, o que pode ser um efeito do relativo isolamento econômico da vila em
relação às grandes atividades de exportação.
Domicílios listados ano a ano
Porém,
ainda que relativamente isolada das principais teias mercantis exportadoras da
colônia, e sendo dependente dos núcleos regionais para a comercialização da
produção sobressalente, a economia de São Luís do Paraitinga se mostrou, ao
longo do período analisado, portadora de um grau de dinamismo capaz de possibilitar
a acumulação de capital na forma de escravos por parte de uma parcela de sua
população: havia, em 1798, 583 cativos listados nos domicílios da paróquia; dez
anos depois, em 1808, já eram 793 os indivíduos escravizados; no último ano da
série analisada, o número atingiu o total de 977 cativos.
Percebe-se que, no decurso das duas
primeiras décadas do século XIX, a população cativa da pequena vila se amplia
de forma consistente. Mais do que isso, o número de domicílios listados como
possuidores de mão de obra escrava também aumenta significativamente ao longo
do tempo. Eram 102 domicílios escravistas em 1798, passando para 125 em 1808, e
chegando a 143 fogos possuidores de cativos em 1818. Entretanto, tal
crescimento não parece ter sido acompanhado por uma distribuição do acesso à
mão de obra escrava no tecido social. A proporção de domicílios escravistas em
relação ao total de fogos listados permanece quase inalterada ao longo de todo
o período, variando em torno dos 25% da população livre listada, o que é um
indício de que a acumulação de capital na vila teria se dado de forma concentrada.
Tal proporção se aproxima da encontrada por Francisco Vidal Luna como média de
proporção de domicílios escravistas em todo o Vale do Paraíba à época: 24,17%
dos domicílios eram proprietários de escravos, em 1804 (LUNA, 1998, p. 114).
A taxa de aproximadamente 25% para a parcela
relativa aos proprietários de escravos no seio da pequena vila é um dado que
nos permite avançar sobre a realidade do universo cotidiano da paróquia.
Desprovida das condições necessárias para ter acesso ao mercado negreiro, a
esmagadora maioria de sua população depositava, na mão de obra familiar, as
esperanças e expectativas para suprir as necessidades diárias. Pequenos
roceiros e roceiras, cultivando suas roças rústicas que bastavam para seu
próprio sustento e, eventualmente, possibilitavam a extração de pequenos
excedentes. Cenário semelhante foi encontrado por Bacellar, ao estudar a vila
de Sorocaba nos séculos XVIII e XIX (BACELLAR, op cit, p.133).
Mas é preciso delinear, ainda que
brevemente, o quadro da distribuição dos escravos em relação aos plantéis para
que possamos compreender de forma mais abrangente a dinâmica escravista da
pequena paróquia. Durante todo o intervalo analisado, os pequenos plantéis
representaram a esmagadora maioria numérica do total das escravarias
inventariadas. Quadro este que é semelhante ao encontrado por outros estudiosos
da escravidão paulista. José Flávio Motta, ao analisar a disseminação da
lavoura cafeeira em Bananal durante a primeira metade do século XIX, atesta
quadro semelhante, no qual os pequenos proprietários de escravos aparecem como
fatia majoritária entre o total dos senhores, sobretudo na primeira fase da
introdução da lavoura da rubiácea (MOTTA, 1991).
Não é escusado lembrar que, aqui,
optamos por dividir os plantéis da vila em duas faixas distintas de tamanho:
foram considerados como pequenos plantéis os que declararam possuir até 5
cativos; médios e grandes plantéis foram aqueles que apresentaram um número
igual ou superior a 6 escravos. Preferimos não empregar as tipologias já
consagradas, como a de Ricardo Salles (SALLES, 2008), em nossas análises, posto
que o universo aqui explorado destoa bastante da natureza das zonas
monocultoras onde tais classificações adquirem maior representatividade.
Entretanto,
ainda que a pequena posse de escravos tenha sido predominante numericamente
frente às demais faixas de propriedade, um exame detido acerca do número de
cativos pertencentes aos médios e grandes plantéis nos revela uma realidade
que, guardadas as devidas proporções e considerando as diferentes tipologias
adotadas, se assemelha a encontrada em zonas que se notabilizaram como centros
exportadores da monocultura colonial.
Como se percebe, com o passar dos anos
e o aumento da entrada de cativos negros no âmbito da vila, cada vez mais
indivíduos são listados como pertencentes às maiores faixas de plantéis aqui
consideradas. Em recente artigo em que estuda a disseminação da escravidão
ligada à plantação cafeeira em Bananal, Breno Moreno atenta para fenômeno
semelhante: com o passar do tempo, a propriedade escrava torna-se cada vez mais
concentrada nas mãos dos grandes proprietários (MORENO, 2019). É bem verdade
que a classificação das faixas de plantéis utilizadas pelo autor em seu estudo
contrasta com a aqui adotada. Entretanto, se considerarmos a natureza singular
da economia abastecedora de São Luís, pode-se trabalhar com a hipótese de que o
quadro observado em nossos dados seja um equivalente ao diagnóstico
estabelecido para algumas áreas exportadoras durante o século XIX. Hipótese que
necessita de maior desenvolvimento para sua comprovação.
Mas já nos é possível afirmar que,
nesse contexto pouco ligado à agricultura monocultora de exportação, a compra
de braços cativos para o trabalho no eito agrícola não só era possível, como
era caracterizada por um quadro onde a parcela majoritária dos proprietários
escravista detinha a minoria dos escravos declarados.
Restam-nos as perguntas: como se
configurava a rede mercantil a qual estava inserido o pequeno povoado? Quais os
principais gêneros vendidos por seus habitantes? E para quais localidades eram
exportados tais artigos? Para responde-las, lançaremos mão de um conjunto
secundário de fontes, os Mapas Estatísticos de População, que condensavam as
informações estatísticas extraídas das listagens, sobretudo os referentes à
balança de comércio.
As exportações de excedentes produzidos
na vila sempre tiveram como destino três localidades que variaram em
importância ao longo do tempo: o Rio de Janeiro foi sempre o principal comprador
de gêneros; Paraty e Ubatuba, respectivamente, são as outras duas vilas
compradoras. Entretanto, é possível identificar uma alteração no perfil dos
produtos comerciados ao longo do tempo. De início, quando do começo de nossas
análises (1798), os principais produtos a comporem a pauta de exportações da
paróquia são o toucinho e o tabaco, em ordem de importância. Entretanto,
sobretudo após o ano de 1808, a participação do toucinho na balança comercial
decai bruscamente e de forma quase linear até o fim do período, sendo
substituído pelos porcos vivos, que se torna o principal produto vendido,
seguido pelo tabaco. O açúcar praticamente deixa de ser produzido na vila com o
intuito de ser vendido, perdendo por completo sua importância nas trocas
comerciais. Ao que parece, a vila se especializa, ao longo do tempo, na
produção de tabaco e criação de porcos vivos.
Artigos exportados pela paróquia
ano a ano:
A exportação de tabaco aparece como uma
constante do universo econômico da vila durante o período, enquanto que
aparentemente a criação e venda de porcos vivos seriam uma resposta a uma
conjuntura, um estímulo externo. Quando cruzamos o volume de artigos exportados
e as vilas para onde são destinados, o quadro torna-se mais claro. Com o passar
do tempo, o Rio de Janeiro se torna o destino da majoritária produção
comerciada pela paróquia de São Luís. Quase a totalidade dos capados vivos
exportados pela paróquia é destinada à capital da colônia, bem como a produção
intermitente de açúcar.
Trabalhamos aqui com a hipótese de que,
com o desenvolvimento urbano e demográfico do Rio de Janeiro após ter se tornado
capital colonial (1763), houve um significativo crescimento da demanda local
por gêneros básicos, o que teria criado uma rede de abastecimento substancialmente
lucrativa, a qual estaria inserida São Luís do Paraitinga, o que tornava
possível a acumulação de capital na forma de cativos, a partir de trocas
favoráveis na balança comercial. O Rio de Janeiro teve papel importante no
abastecimento das regiões mineradoras, entretanto, com o declínio da extração
aurífera das Gerais, os papeis teriam se invertido: as regiões limítrofes à
capital teriam se especializado cada vez mais no cultivo de gêneros de
exportação (durante o chamado Renascimento Agrícola) e a lavoura de
abastecimento perdera espaço (CAMPOS, 2010, p 25-27). A carência de gêneros
básicos teria se agravado ainda mais com a transferência da corte portuguesa
para a colônia, em 1808. É possível observar como as vendas de tabaco e capados
vindos de São Luís aumentam após a data, bem como a entrada de negros escravos
no universo da vila.
Entretanto tal hipótese carece de
maiores estudos para sua comprovação, pois outros fatores locais como o
desenvolvimento da cafeicultura no Vale, e o fim da proibição do comércio
interprovincial (1807), podem ter, também, tido efeitos consideráveis sobre as
redes mercantis de abastecimento locais.
3. Conclusões
Como já dito, a raridade dos estudos
que abordam o mercado interno de abastecimento colonial tem sido um fator
prejudicial para a compreensão da economia e sociedade do nosso passado não tão
distante, sobretudo no que se refere aos setores majoritários das populações
coloniais.
Tal qual buscamos demonstrar no
presente texto, tais núcleos sociais, diferentemente do que pregou certa
historiografia tradicional, estavam inseridos em redes comerciais movimentadas
e economicamente dinâmicas, que além de suprir o sustento dos indivíduos que
habitavam essas pequenas vilas, possibilitavam a acumulação de capitais por
parte de seus participes.
O caso de São Luís do Paraitinga nos
parece exemplar. Pequena comunidade fundada no final do século XVIII, a
paroquia se especializou na produção dos gêneros básicos de abastecimento e
estabeleceu redes de trocas com vilas circunvizinhas. Além disso, e preciso
lembrar a posição sui generis da pequena vila no contexto abastecedor. Sua
localização geográfica parece ter permitido que estabelecesse laços com o maior
núcleo urbano da colônia, a capital, que apresentava crescimento vertiginoso e
alta demanda por gêneros essenciais.
Tal inserção econômica possibilitara a compra
de cativos por parte (minoritária, sabemos) da população local, domicílios que,
em sua maioria, galgaram adquirir cativos para auxiliar os membros da família
no eito agrícola. A outra parcela dos domicílios escravistas, composta por
poucos fogos que detinham quantidade considerável de cativos, concentrava a grande
maioria dos escravos que entraram na paróquia, um indício que aponta para a
natureza concentradora da capitalização. Tal padrão da posse escrava, ao que
parece, se assemelhava ao de outras localidades, as quais por vezes estavam
ligadas à grande lavoura de exportação: poucos senhores de escravos
concentravam a larga maioria dos cativos em suas mãos.
Por mais que os dados aqui analisados
nos permitam traçar hipóteses interessantes acerca da economia de abastecimento
do passado, uma infinidade de perguntas ainda paira no ar: qual era o perfil
dos cativos adquiridos por uma economia abastecedora? Seriam majoritariamente
mulheres e/ou crianças? Teriam, esses escravos, um perfil largamente diferente
dos cativos destinados às áreas da lavoura de plantation? Qual a relação existente entre as flutuações do tráfico
negreiro e a entrada de cativos nessas pequenas vilas? Quais eram as
estratégias desenvolvidas pelos pequenos plantadores para se inserirem no
mercado de escravos e montarem seus pequenos plantéis? E qual a relação entre o
ciclo de vida dos pequenos senhores e a compra de cativos?
Essas e muitas outras perguntas,
cruciais para o entendimento de nossa sociedade colonial, carecem, para serem
minimamente respondidas, de muitos outros estudos sistemáticos que tragam para
o centro da questão, os setores majoritários da nossa população colonial.
4. Referências
Graduando em História pela Universidade de São Paulo
(FFLCH-USP). Desenvolve pesquisa de iniciação científica sob a orientação do
Dr. Carlos de Almeida Prado Bacellar. Agradeço à CNPq pelo financiamento de
minha pesquisa (edital PIBIC 2018-2019).
5. Fontes
LISTAS NOMINATIVAS DE HABITANTES: SÃO LUÍS DO PARAITINGA.
São Paulo: Arquivo Público do Estado de São Paulo, referente aos anos 1798,
1799, 1802, 1804, 1806, 1808, 1810, 1812, 1814, 1816 e 1818.
MAPAS ESTATÍSTICOS: SÃO LUÍS DO PARAITINGA. São Paulo:
Arquivo Público do Estado de São Paulo. Referente aos anos: 1798, 1799, 1801,
1808, 1810, 1812, 1814, 1816 e 1818.
6.
Bibliografia :
BACELLAR, de A.P. Viver
e Sobreviver em uma vila colonial: Sorocaba, séculos XVIII e XIX. São
Paulo: Annablume/ Fapesp, 2001.
CAMPOS, Pedro H.P. Nos
caminhos da acumulação: negócios e poder no abastecimento de carnes verdes para
a cidade do Rio de Janeiro (1808-1835). São Paulo: Alameda, 2010.
LUNA, Francisco Vidal. São
Paulo: população, atividades e posse de escravos em vinte e cinco localidades (1777-1829).
‘’Revista Estudos Econômicos’’ São Paulo, vol. 28, n.º 1, 1998.
LUNA, Francisco Vidal; KLEIN, Herbert. Evolução da sociedade e economia escravista de São Paulo, de 1750 a
1850. São Paulo: Edusp, 2006.
MARCÍLIO, Maria Luiza. Crescimento
demográfico e evolução agrária paulista (1700-1836). São Paulo: Edusp,
2000.
MONT SERRATH, Pablo Oller. São Paulo restaurada: administração, economia e sociedade e uma
capitania colonial (1765-1802). São Paulo: Alameda, 2017.
MORENO, Breno A. S. (prelo do evento ‘’Encontro Escravidão e
Liberdade no Brasil Meridional’’ ocorrido entre 14 e 18 de Maio de 2019, em
Florianópolis). A estrutura da posse de
escravos no médio vale do Paraíba: Bananal, 1830-1880.
MOTTA, José Flávio. O advento da Cafeicultura e a Estrutura
de Posses da Posse de Escravos (Bananal, 1801-1829). In: Estudos Econômicos, São Paulo, V.21, Nº3, 1991.
PETRONE, Pasquale. A Região de São Luís do Paraitinga. In: Revista Brasileira de Geografia, julho-setembro,
1959.
SAIA, Luís; TRINDADE, Jaelson. São Luís do Paraitinga. In: Publicação Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado –
CONDEPHAAT- 1977.
SALLES, Ricardo. E
o vale era o escravo: Vassouras, século XIX. Senhores e escravos no coração do
Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
Olá, Diego! Primeiramente, parabéns pelo texto.
ResponderExcluirAcredito que os estudos sobre São Paulo carecem de pesquisas sistemáticas como a sua para que possamos compreender melhor essa população e, também, explorar ao máximo a riqueza das listas nominativa.
Gostaria de saber se você não observou um recorte dentro da posse de escravos entre os anos de 1810 e 1816, ou seja, algumas mudanças específicas desse período, pois com os seus dados parece ter tido uma variação para menos.
Talvez seja interessante para conseguir melhor observar a questão, quando for abordar a idade e sexo dos cativos utilizar uma "linha de tendência", a qual te permitirá no gráfico entender movimentos mais lentos.
A segunda questões é saber porquê escolheu o recorte 1798 a 1818 e como ele se justifica.
Abraços,
Carlos
Olá, Carlos! Obrigado por sua leitura e pelo comentário.
ExcluirSem dúvidas, as pesquisas com base nas listas nominativas me parecem cruciais para que possamos compreender, de forma mais aprofundada e detalhada, a dinâmica e o cotidiano das populações coloniais!
Com relação à sua primeira questão, de fato ao que parece há uma alteração no ritmo da entrada de cativos na vila (desaceleração) durante o intervalo referido. Entretanto, ainda não fui capaz de identificar precisamente as possíveis causas para isso. É interessante notar que, no mesmo intervalo, podemos observar também uma aceleração na concentração da posse de escravos, o que pode sugerir uma relação entre os dois fenômenos!
Já com relação ao recorte escolhido, foi resultado de dois fatores considerados no momento em que o projeto foi idealizado: em primeiro lugar, trata-se de um período para o qual estão disponíveis as fontes que resolvemos utilizar (algumas delas já transcritas, aliás); Além disso, a primeira década do século XIX é marcada pela vinda da corte portuguesa para a capital da Colônia, e tal intervalo de tempo nos permitiria analisar se o fato pode ter tido impactos diretos na economia de São Luís, posto que o Rio de Janeiro estava entre os principais destinos das exportações da vila.
Em se tratando de uma pesquisa de Iniciação Científica, tivemos que optar por um recorte um tanto limitado e, sendo assim, esses dois fatores foram os mais relevantes na escolha das listas utilizadas!
Espero ter conseguido esclarecer suas duvidas, e agradeço novamente pelas ótimas questões!
Abraços,
Diego
Olá, Carlos! Obrigado por sua leitura e pelo comentário.
ResponderExcluirSem dúvidas, as pesquisas com base nas listas nominativas me parecem cruciais para que possamos compreender, de forma mais aprofundada e detalhada, a dinâmica e o cotidiano das populações coloniais!
Com relação à sua primeira questão, de fato ao que parece há uma alteração no ritmo da entrada de cativos na vila (desaceleração) durante o intervalo referido. Entretanto, ainda não fui capaz de identificar precisamente as possíveis causas para isso. É interessante notar que, no mesmo intervalo, podemos observar também uma aceleração na concentração da posse de escravos, o que pode sugerir uma relação entre os dois fenômenos!
Já com relação ao recorte escolhido, foi resultado de dois fatores considerados no momento em que o projeto foi idealizado: em primeiro lugar, trata-se de um período para o qual estão disponíveis as fontes que resolvemos utilizar (algumas delas já transcritas, aliás); Além disso, a primeira década do século XIX é marcada pela vinda da corte portuguesa para a capital da Colônia, e tal intervalo de tempo nos permitiria analisar se o fato pode ter tido impactos diretos na economia de São Luís, posto que o Rio de Janeiro estava entre os principais destinos das exportações da vila.
Em se tratando de uma pesquisa de Iniciação Científica, tivemos que optar por um recorte um tanto limitado e, sendo assim, esses dois fatores foram os mais relevantes na escolha das listas utilizadas!
Espero ter conseguido esclarecer suas duvidas, e agradeço novamente pelas ótimas questões!
Abraços,
Diego.
oie
ResponderExcluir?
ExcluirDiego, boa noite,
ResponderExcluirEm primeiro lugar gostaria de lhe parabenizar pela produção. O texto, muito bem escrito, deixa transparecer com clareza o extenso trabalho que o sustenta.
Dito isso, minha pergunta surge de um interesse extra, despertado pela leitura de sua dissertação: em determinado momento do desenvolvimento, você menciona que a demografia histórica teve impactos importantes para o estudo da escravidão no Brasil. Será que você poderia me citar exemplos de impactos dessa natureza? Talvez também possa fazer indicações de leituras relacionadas, se não for trabalho demais.
Agradeço a atenção.
Abraços,
Frederico.
Olá, Frederico. Obrigado pela leitura e pelo comentário!
ExcluirBem, os estudos no campo da Demografia História no Brasil tem possibilitado importantes avanços desde, grosso modo, a década de 1970, a partir dos estudo pioneiros de Maria Luiza Marcílio.
Dentre os impactos e contribuições mais importantes, destacarei três, a título de exemplo: 1) tais estudos possibilitaram a construção de uma visão que interpreta o escravo enquanto sujeito, portanto, dotado de vontades, ações, resistência e iniciativa própria, diferentemente da imagem dominante que encarava a figura do cativo enquanto amorfa e o ambiente da senzala enquanto símbolo de promiscuidade.
2) As pesquisas no campo da Demografia Histórica também nos permitiram analisar a constituição da sociedade colonial de forma mais complexa e detalhada. Diferentemente da imagem construída pela historiografia tradicional, que consagrou a sociedade colonial enquanto uma divisão entre grandes senhores e seus escravos, estudos recentes tem mostrado o quão disseminada estava a escravidão no seio social da colônia, a ponto de em várias regiões a maioria dos proprietários de cativos fossem pequenos roceiros livres que trabalhavam lado a lado com seu (s) cativo (s).
3) A terceira conquista que gostaria de destacar se refere à noção da estrutura familiar do Brasil colonial. Por muito tempo predominou a ideia de que a formação típica da família na colônia fosse do tipo ''extensa'', aos moldes freireanos. Hoje sabemos que a parcela majoritária das famílias eram do tipo nuclear, como bem demonstrou Marcílio em um de seus clássicos estudos.
Quanto à indicações de leitura, sugiro alguns livros que estão relacionados com os três pontos que destaquei acima:
- ''Na senzala, uma flor - Esperanças e recordações na formação da família escrava — Brasil Sudeste, século XIX'' (Robert Slenes).
-''Escravos, Roceiros e Rebeldes'' (Stuart Schwartz).
-''Crescimento Demográfico e Evolução Agrária Paulista: 1700 / 1836'' (Maria Luiza Marcílio).
Espero ter ajudado!
Abraços,
Diego.