Lara Novis Lemos Machado
“A História se preocupa com o homem em
seu tempo, mas o seu fazer é uma prática no presente por indivíduos que são, de
alguma forma, influenciados pelo seu tempo. O elo com o presente se torna obvio
quando o processo de compreendê-lo tem muito em comum com o processo de
compreender o passado, não obstante o fato de que compreender como o passado se
converteu no presente nos ajuda a compreender o presente, e provavelmente algo
no futuro (HOBSBAWM, 1998).”
A crise humanitária dos refugiados
pode ser considerada uma das maiores questões contemporâneas e demanda
responsabilidade internacional na tomada de uma ação coletiva, cujo principal
objetivo é a proteção dos direitos humanos, que é uma questão – também – cara
aos Estados que acolhem esses indivíduos.
A categoria de refugiado carrega em si
as noções de transitoriedade, provisoriedade e temporalidade. Os refugiados se
situam entre o país de origem e o país de destino. Ao transitar entre esses
dois universos, ocupam uma posição marginal assentada na falta de pertencimento
pleno enquanto membro da comunidade receptora. (MOREIRA, 2014)
Ao
indicar a relação entre nacionalismo e exílio/refúgio como uma “associação
essencial”, é possível pensar em ambos como experiências correlatas e
antagônicas. O refúgio surge da descontinuidade; da experiência de não
pertencimento; o nacionalismo, como seu contrário, sustenta-se na vivência
comum e continuidade de um povo. O nacionalismo afirma-se na identidade de um
grupo, no pertencimento ao lugar, à história, à cultura.
O
futebol é um excelente exemplo de nacionalismo e de como a cultura pode
influenciar a sociedade na sua forma mais cotidiana, logo a partir dessa ótica,
inspirada no livro do historiador
Boris Fausto “Crime do restaurante chinês” que pretendo nesse ensaio
desenvolver a ideia de “fio da invisibilidade” (BORIS, 2009 p.157) tecendo uma
relação entre tempo e história.
Para tanto farei um percurso pela
historiografia a partir dos Annales, da Escola de Chicago e da Micro-história
para apresentar as múltiplas possibilidades de se fazer História e apresentar o
tema dos refugiados no contexto de Eurocopa que ocorreu em 2016 na França a
partir dos times de futebol para fazer uma relação do presente com o passado
sugestionado pela citação de abertura do Hobsbawm.
Em 2016, ocorreu na Franca a 15º
edição do Campeonato Europeu de Futebol e os times apresentavam um mosaico de
múltiplas origens: os irmãos Xhaka iriam se enfrentar em lados opostos:
nascidos na Basileia, Suíça e filhos de pais kosovares-albaneses Taulant optou
pela nacionalidade albanesa, enquanto Granit pela suíça. A partir do confronto
Albânia x Suíça é possível aprofundar as redes que ligam esses irmãos ao
passado e à historia.
Em 1986 Ragip Xhaka é preso no Kosovo
por participar de uma manifestação estudantil. Sua mulher, Elmaze só podia
visita-lo de 15 em 15 dias e assim foi por três anos e meio. Quando Ragip, um
kosovar de herança albanesa saiu da prisão, decidiu fugir da guerra e foi se
refugiar na Suíça com Elmaze. Estabeleceram-se na cidade de Basileia onde anos
mais tarde seus filhos nasceram.
A biografia pode ser considerada uma
das primeiras formas de história. Desde a Antiguidade os relatos eram uma forma
de saber e foi a partir da narrativa que o modelo biográfico se desenvolveu.
Exemplos como Heródoto e Tucídides deram ao gênero biográfico o poder de expressarem
o que era a história naquela época.
Inicialmente, o pensamento de história
mestra da vida forjou que as vidas dos heróis do passado eram um espelho e
exemplo a ser seguido. Havia uma noção de moral e de buscar no passado
ensinamentos. Esse tipo de pensamento da Antiguidade seguiu-se na Idade Média
com as hagiografias. A vida dos santos eram modelos de mártires e essa
santidade deveria ser observada por toda sociedade. A santidade passou a servir
de exemplo no cotidiano e se refletia na narrativa sobre a vida dos cavaleiros
na época.
A partir do Renascimento surgiu uma
nova maneira de conceber o mundo. O individualismo, a razão e a ciência
voltaram sua atenção para a modernidade. O homem passou a ser o centro e,
portanto, projetava-se uma imagem de progresso, de futuro. A ideologia do
progresso continuou se afirmando nos séculos seguintes.
No século XIX, as biografias tiveram
um papel importante na construção do ideal de “nação”, fundamentando símbolos
de patrimônio, monumentos, tradições. A corrente positivista associou-se às
biografias para a exaltação das glórias nacionais na concepção de uma história
factual.
Além do positivismo, o marxismo também
buscou uma nova ideologia apoiada no papel das massas e menos no indivíduo. As
análises mais estruturalistas acabaram provocando uma marginalização da
biografia como produção histórica, apesar de ela continuar existindo como
gênero narrativo.
O retorno da biografia à cena
principal com o aumento de estudos de caso e da micro-história em detrimento da
história quantitativa ocorreu em meados dos anos 1980 com a crise do paradigma
estruturalista. A escola dos Annales, aos poucos, foi incorporando ao seu
modelo macroestrutural o estudo das trajetórias individuais.
Desta vez os atores históricos são pensados
como testemunhas de uma época. A biografia não apresenta mais o indivíduo como
herói ou exemplo a ser seguido, mas sim como um representante de correntes de
pensamentos e movimentos próprios de seu tempo.
A história narrativa voltou à cena na
década de 1980 com a valorização do indivíduo no bojo do crescimento dos
estudos no campo histórico da História Oral que a partir da construção das
trajetórias individuais pôde dar destaque à história dos “de baixo”.
A linearidade factual da curta duração
do tempo de vida do indivíduo passa a dar lugar às análises das múltiplas
relações com o contexto social, político, econômico, cultural na qual a vida se
desenvolve. Esse novo olhar permite o esclarecimento da trajetória de vida, das
escolhas e da inserção do indivíduo na sociedade.
O campo da escrita biográfica é para o
historiador uma via de mão dupla entre o cientifico e o ficcional uma vez que
ela envolve uma narrativa que pretende contar a real história de vida de um
indivíduo e seus lugares de fala na sociedade. Tais posições são marcadas pelas
trajetórias individuais que se inserem num quadro maior capaz de reconstruir
laços de sociabilidade, redes de solidariedade, especialmente no caso dos
migrantes.
A aproximação da história com a
literatura nesse caso permite uma reflexão acerca das possibilidades da
biografia como escrita da História. Através da narrativa o indivíduo consegue
ou tenta-se ao máximo, ser representado em suas múltiplas identidades uma vez
que os vários aspectos de sua vida não são mais conduzidos de forma linear e
nem se fixam em uma única abordagem.
A Escola de Chicago foi uma das
primeiras correntes historiográficas a se debruçar sobre os migrantes. Devedora
de seu passado nos EUA, país de imigrantes e sendo constituída numa universidade
que recebeu influências de pessoas de todo o mundo, a articulação da sociedade
e do mundo intelectual que já vinha sendo feito na escola Inglesa com os
estudos culturais, percebeu na sociologia e na antropologia um diálogo fecundo
para entender o fenômeno do estrangeiro, das trocas culturais entre o de fora e
a população local.
Os
historiadores têm cada vez mais a sensibilidade de apresentar a vida de forma a
não esgotarem uma representação única. E tal abordagem contribui cada vez mais
para a análise do macro. As escolhas de vida, os pensamentos, os contextos são
explorados de forma que o indivíduo e a narrativa histórica não formem uma
narrativa literária somente, mas sim uma fonte de pesquisa histórica.
Ao pensar as fontes de pesquisa na
História é necessário ressaltar que as narrativas são bastante utilizadas e
foram consideradas importantes para o estudo e desenvolvimento da área dos
estudos sobre migração onde as pesquisas são proeminentes em Economia,
Demografia, Antropologia, Geografia, como fruto do desenvolvimento do
capitalismo, industrialização e urbanização.
A Escola de Chicago se preocupou com
os processos migratórios no que diz respeito à assimilação desses indivíduos,
integração e adaptação deles na sociedade, vendo surgir a xenofobia, etnicidade
e instabilidade. Essa complexidade fez com que nova abordagem não estivesse
apenas preocupada com o sentido das ações dos “grandes homens” de antigamente
que eram inseridos em seus contextos por meio das análises dos acontecimentos
que participavam, mas sim à visão complexa da vida e do mundo, buscando ver as
conjunturas e as estruturas, os indivíduos e os grupos, o micro e o macro a fim
de não simplificar a história de vida à uma visão linear e simples.
O
indivíduo passa a ser mais universal, plural e por isso possibilita a leitura
da sociedade por meio de sua biografia evidenciando as complexidades, os
contextos e as múltiplas visões do seu mundo.
O novo contexto político que surgiu
com o fim da Guerra Fria associado às novas tecnologias da informação e à
crescente interdependência, redefiniu as relações de espaço e tempo, ampliando
simultaneamente as incertezas do mundo contemporâneo uma vez que reforça a
dependência da relação assimétrica, que no geral, fortalece os padrões de
dominação criados por formas anteriores de dependência ao longo da história
(HALLIDAY, 1999).
A globalização que ao mesmo tempo
consegue diluir, em certa medida, o poder da esfera nacional para a esfera
global, através do mercado financeiro e dos organismos internacionais, consegue
também o processo inverso com o ressurgimento de novas identidades locais, tais
como os movimentos nacionalistas baseados na valorização da cultura regional e
na forca da tradição.
O
território é um espaço carregado de referências simbólicas onde se dá a
produção material e permite que as práticas sociais identitárias no processo de
vivenciar o espaço aconteçam, criando assim um patrimônio cultural. Uma vez que
se pode considerar que os vestígios das relações vividas e imaginadas em um
espaço traz consigo uma ideia de pertencimento, de modo de vida, o território
passa a ser lugar de memória, lugar de identidade, de referência histórica e
por isso um lugar socialmente construído (BARROSO, 2016)
Desta maneira, a identidade se trona fonte
básica de significado com capacidade para organizar formas distintas de reação
ao processo de globalização. A análise dos conflitos étnicos modernos pode
ajudar a traduzir a história mais recente do século XXI sob a perspectiva da
luta por autonomia política e por identidades – coletivas e individuais –
atribuídas ou construídas. Portanto, um país que representou por muito tempo
uma mistura étnica e cultural pode ser uma boa lente de observação.
A Iugoslávia foi um país que se
constituiu após a 1º Guerra Mundial abarcando múltiplas nacionalidades,
organizando-se de forma federativa com: Sérvia e mais as províncias de
Vojvodina e Kosovo, Croácia, Montenegro, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina e
Macedônia.
Durante
o comunismo, sob o comando de Tito os indivíduos eram incentivados a pensar
numa nacionalidade única: Iugoslavos. Contudo as diferenças étnicas começaram a
se manifestar e a multiplicidade de minorias étnicas em cada republica
apresentava um problema: cerca de 15% da população da Croácia era composta por
sérvios e na Bósnia-Herzegovina eles representavam 1/3 da população. (LOWE,
2011)
Em
1991, a Iugoslávia começou a se fragmentar em sangrentos conflitos dos quais os
jogadores da Eurocopa de hoje são descendentes. A questão étnica pode ser uma opção
para olhar conflito especialmente no Kosovo onde a maioria albanesa era
profundamente contraria às políticas do presidente sérvio Milosevic.
Os
protestos, inicialmente pacíficos, começaram em 1989, liderados por Ibrahim
Rugova e em 1998 formou-se o Exército de Libertação do Kosovo (ELK) e então
começou uma guerra civil. Em 1999, a ofensiva sérvia cometeu atrocidades contra
os albaneses e isso chamou a atenção da opinião pública externa. A partir de então iniciou-se as negociações
de paz e a comunidade internacional se deu conta de que precisava proteger os
albaneses de Kosovo.
A
OTAN passou a bombardear a região, na tentativa de forçar o governo sérvio uma
rendição, mas Milosevic determinou uma “limpeza étnica” que expulsou milhares
de pessoas de etnia albanesa para os Estados vizinhos como a Albânia, Macedônia
e Montenegro. O acordo de paz negociado pela Rússia e Finlândia fez com que as
tropas de Milosevic recuassem e com elas grande parte da população servia se
retirou da região com medo de represálias albanesas. (LOWE, 2011)
O gatilho para esse breve panorama
partiu da disputa “pacifica” entre dois irmãos que por razões históricas
especificas reivindicam nacionalidades diferentes. O contexto inicial de
analise foi a partida da Eurocopa de 2016 que os colocou em lados opostos do
campo.
Assim como nos mostra Fausto na sua
obra citada nesse ensaio, uma investigação histórica pode nos levar a abrir um
leque de várias chaves interpretativas para problemas como refúgio, conflitos
da guerra fria, política de imigração, futebol, questões raciais, nacionalismo.
Recuperando o ideal de nação, apontado
anteriormente, como um “guia político” para o século XIX, a história dos
grandes homens, ou melhor o questionamento da histoire événementielle, veio da abertura para o diálogo com outras
áreas como a sociologia e Durkheim vai influenciar diretamente na revolução que
a Escola dos Annales, provocou a partir da revista L’Année Sociologique.
Inicialmente Michelet ao escrever
sobre a revolução francesa, mas especialmente nos aos 1930 quando Marc Bloch e
Lucien Febvre dedicam-se a ir contra o positivismo cientifico, uma nova
perspectiva se irradiou pelo mundo e começou a florescer em outros lugares
depois da 2º Guerra Mundial.
Nos anos 1950, a história dos
movimentos populares ganhou especial atenção dos marxistas e weberianos com o
crescimento do movimento operário. E revisitar o passado com esse novo olhar
significa explorar uma nova dimensão desconhecida do passado e descobrir novas
fontes e objetos que antes eram desconsiderados para o estudo e a pesquisa.
Então nos anos 1970-80 a
micro-história apresenta uma possibilidade do fazer histórico que ganhou força
com a Escola Italiana, sendo um de seus maiores expoentes o historiador Carlo
Ginzburg. Trata-se de uma abordagem que utiliza uma reduzida escala de
observação para o desenvolvimento de temas correlacionando o contexto social,
político, cultural e econômico.
A possibilidade de que o micro se conecte com
o macro, permitindo novos olhares, novas abordagens e novas possibilidades a
partir de um fazer histórico que passa a dialogar com outras áreas do
conhecimento como a sociologia, antropologia, geografia, psicologia, resultando
numa relação de influência é uma via de mão dupla.
A história se preocupada com o homem
em seu tempo mas o seu fazer é uma prática no presente por indivíduos que são,
de alguma forma, influenciados pelo seu tempo. Num mundo em que o global e as
fronteiras estão cada vez mais tênues, o lugar que o outro ocupa e que constrói
para si é um lugar de transitoriedade.
O termo ‘integração local’ faz
referência ao processo que se desenvolve quando o refugiado passa a interagir
em novo contexto, no país de destino, em meio à comunidade receptora. O debate
conceitual em torno do que constitui integração, quais fatores devem ser
considerados para aferi-la é um campo bastante fértil, ensejando diversas
definições e abordagens teóricas e metodológicas entre pesquisadores dedicados
ao estudo sobre o tema dos refugiados. (ANDRADE; MARCOLINE, 2002)
Evidenciando a dimensão multifacetada
do fenômeno, uma opção de análise é uma espécie de tipologia da questão
nacional em
função das seguintes entradas: conflito, conciliação, refúgio e humanismo. Edward Said (2003) ao refletir sobre as nações e
nacionalismos em suas obras expõe a dualidade da formulação da questão nacional
que de um lado, refere-se ao sentimento de vínculo nacional e à problemática do
pertencimento; e do outro se refere à formação do estado nacional propriamente
dito. No primeiro caso, pode-se pensar sobre exílio/refúgio e identidade e já
no segundo, a questão dos movimentos de resistência. Esses dois eixos acabam
por se complementar, numa concepção de uma visão humanista.
Ao
indicar a relação entre nacionalismo e exílio/refúgio como uma “associação
essencial”, é possível pensar em ambos como experiências correlatas e
antagônicas. O refúgio surge da descontinuidade; da experiência de não pertencimento;
o nacionalismo, como seu contrário, sustenta-se na vivência comum e
continuidade de um povo. O nacionalismo afirma-se na identidade de um grupo, no
pertencimento ao lugar, à história, à cultura. E o lugar do “outro” que
adentram o “território do não-pertencer” que aparece para além das fronteiras e
se faz presente na sociedade implicando desafios de identidade, integração e
pertencimento que é uma das problemáticas da história do século XXI.
A
política, os grandes homens, os grandes fatos e acontecimentos eram o objeto da
História por muito tempo, mas o desejo de ver a História por outro ângulo,
pensar com o suporte de outras ciências, dar voz aos nunca ouvidos e deixar que
o “vagalume” se transforme em farol para iluminar um contexto maior foi o que
busquei elucidar nesse ensaio.
Dando
ênfase à micro-história com o aporte da biografia ela nos permitiu reduzir a
escala de observação a fim de perceber algo que poderia passar desapercebido
quando visto nos grandes quadros; concentrar a escala em pessoas comuns e não
em grandes personagens, buscando ouvir sua voz; extrair de fatos aparentemente
corriqueiros uma dimensão mais relevante; apelar para o recurso da narrativa
para alcançar lugares que antes poderiam ser apenas fachos de luz (FAUSTO, 2009).
A
micro-história não está isenta de críticas especialmente quando ela se
apresenta não passando de um estudo de caso; assim como a Escola de Chicago que
se prende bastante à etnografia, ou a Escola dos Annales quando subverte a
ordem e não dá o devido valor ao factual mas o caminho que o campo
historiográfico percorreu é muito devedor dessas três escolas e a análise passa
a ser muito mais enriquecedora quando podemos contar com cada uma de suas
contribuições.
A história dos refugiados possui
muitas origens e o caso dos irmãos Xhaka possibilitou pensar a mudança na
historiografia desde os seus paradigmas positivistas. A virada histórica dos
anos 30 com a escola dos Annales, a aproximação com a sociologia, antropologia,
psicologia, geografia e outras áreas do conhecimento permitiu romper o que é
tradicional e periférico na História.
Sendo assim, ao refletir sobre as
pequenas coisas, sobre os detalhes, sobre o olhar micro, sobre o que antes não
era o foco, fica o questionamento se não são justamente essas pequenas coisas
que mudam o curso da história.... a historia, talvez. O curso não.
Referências:
Ensaio apresentado pela mestranda Lara
Novis Lemos Machado do Programa de Pós-graduação em História, Política e Bens
Culturais da Fundação Getúlio Vargas PPHPBC – FGV, sob orientação do Prof. Dr.
Marco Aurélio Vannucchi.
ANDRADE, José H. Fischel de;
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